quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Bandeiras apagadas

Ás vezes são os próprios funcionários da Carris que, inadvertidamente, acabam por deixar escapar o que pensam da companhia.

Numa ocasião em particular, estava na paragem do autocarro quando um se aproxima, mas não consigo ver qual é. Está escuro, as ruas já estão iluminadas pelos candeeiros mas o autocarro encontra-se com a "bandeira" apagada. Para quem, como eu, não sabe ou já esqueceu o termo, "bandeira" trata-se da zona que diz o nº do autocarro e o destino. Portanto: é o que o identifica!
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Achei por bem avisar o motorista que ainda não tinha ligado as luzes. Sem grande surpresa, este responde que estavam ligadas mas, se por fora não tinha luz, é porque a lâmpada devia estar fundida. Acrescentou ainda que a companhia gasta dinheiro em coisas mais importantes, como os círculos de cor (e aponta para a coisa). Uma espécie de "rodela" de plástico "colada" ao vidro, que diz a COR da área lisboeta por onde o autocarro se movimenta. Pelos vistos, de acordo com o motorista, estas placas costumavam ser menores e foram substituidas por outras maiores, para se verem bem... o motorista soube fazer humor inteligente. O que importa mais? A lâmpada que permite identificar o autocarro de noite ou o círculo de plástico que duvido que seja útil para alguém?
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Saí desse autocarro para outro e, mais uma vez, só quando este se aproxima mesmo perto é que dá para ver de qual se trata. Hesitante, acabo por decidir dar a este motorista a mesma informação que dei ao outro: por fora, a "bandeira" não está iluminada. Mais uma vez, deve tratar-se de uma avaria... lâmpada fundida!
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Achei piada mas preparei-me para o que adivinhei vir a ser a rotina diária, até que a hora mude e os dias voltem a ser mais iluminados pelo sol: autocarros com bandeiras apagadas requerem uma atenção redobrada e visão com raio-x!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Reprimenda eficaz

Estava no autocarro e entro ao mesmo tempo que uma mulher jovem, com ar adoentado. Esta senta-se num banco individual, mesmo em frente a outra pessoa. E tosse tanto, que não se escuta outra coisa. É então, para minha surpresa, que um senhor mais afastado daquele lugar lhe diz:
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-"Ó minha senhora, não lhe ensinaram a tapar a boca com a mão quando tosse? Está para aí a largar os micróbios para cima das outras pessoas! Isso não se faz!"
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A mulher olhou para ele e manteve-se em silêncio absoluto. Porém, o seu olhar revelou um tanto de ira, que engoliu junto com a tosse. A verdade seja dita: a reprimenda foi eficaz. A jovem deixou até de tossir. Antes, não paráva. Ficou que tempos sem sinais de uma convulsão e, quando tossiu, foi apenas por duas vezes, um pouco contido, levando a mão à boca. Sim senhor! Assim devia ser sempre. Afinal, entrou no autocarro a tossir "à grande e à francesa", como se não estivesse num lugar público, mas em casa...
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O homem tinha razão. E nem foi mal educado. Simplesmente teve a coragem de dizer o que muitos de nós muitas vezes pensa para dentro, mas não verbalizamos.
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Infelismente, outra pessoa que entrou no autocarro e desconhecia a situação, decidiu tossir, também, sem tapar a boca ou se preocupar quem estava na sua frente. As pessoas não aprendem...
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Já o disse aqui, antes mesmo da GRIPE A estar a preocupar toda a gente: não temos o BOM hábito e educação para este simples gesto. Somos nojentos, porque tossimos e expelimos os germes para cima dos outros, sem dó nem piedade. Em algumas coisas somos todos esquisitos e críticos. Atiramos a primeira pedra. Noutras, como nesta, esquecemos os bons modos. Nem mesmo no paronama actual de surto, as pessoas demostram ter discernimento...

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Carris apronta das suas...


Quando cheguei hoje ao Campo Grande e procedi como habitualmente à recolha para leitura dos 3 jornais de distribuição gratuita no local, tive uma grande surpresa. Um VENDAVAL parecia ter passado por ali mas, estranhamente, só tinha atingido o jornal DESTAK. Passo a explicar: estes jornais estavam espalhados por todo o lado!

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Dentro da estação do metro, no chão, ao monte e desorganizados, à saída, em TRÊS montes, todos revirados, com os jornais atirados ali, alguns sujos de porcaria, mais outro molhe deles espalhados no "muro" que acompanha a parede que vai até a entrada do centro. Porquê estariam assim? Afinal, o jornal METRO estava, como sempre, morninho e arrumadinho dentro dos suportes próprios, junto às escadas. O jornal GLOBAL, que habitualmente acaba muito depressa, estava a ser dado manualmente, como habitual, pela rapariga jovem que não costumava reagir ao meu "Obrigado". E o DESTAK? Porquê estava naquele caus?

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Porque a Carris estava a distribuir passes no interior! Bilhetes de transporte, com 10 viagens!!! Ora, as pessoas, pelos vistos, decidiram agir como selvagens e desataram a ARRANCAR os cartões colados na página interior. Não para ficar com um ou dois, mas com todos a que conseguissem botar a mão!

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Eu, que chego ali cedo, apenas uns minutos depois da altura da distribuição ter início, já não tive direito a nada... para ler o jornal, tive de me agachar e procurar, no meio do chão, um que me parecesse menos sujo...

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As pessoas também, há que dizê-lo: não têm brio! Há uma falta de civismo, uma forma quase infantil de se comportarem perante um brinde. Está claro, trata-se de um "público-alvo" diversificado: todo o tipo de pessoas anda de transportes públicos. Mas existe uma MAIORIA, que são as pessoas mais necessitadas, portuguesesas e emigrantes, com menos posses e instrução. Uma situação deste porte até seria previsível. Que desagradável ter acontecido! Não acham? Não reflecte bem na imagem do povo português... (diga-se também que, neste contexto, não é só português mas muito diversificado...).

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Só uma vez vi e recebi uma oferta de um destes jornais. Tratou-se de uma pequena garrafa de água. Veio mesmo a calhar. Estava com muita sede e não trazia uma comigo. Pena que era mesmo pequena. Mas a distribuição estava a ser feita ordenadamente. As pessoas fizeram fila e recebiam em mãos, com educação, a garrafa com o jornal. Ora a Carris ou os responsáveis por isto, não podiam ter adivinhado? Andava no local a habitual distribuidora do jornal DESTAK, como habitualmente, aparentando um ar um tanto atarantada, certamente insatisfeita com o que ali se passou. (O que se terá passado, realmente? Foi um grupo de pessoas? Foram todas as pessoas? Foram uns «mal-encarados»)? Não sei. Vi apenas o lamentável resultado. Ouvi alguém comentar que a polícia tinha aparecido e, de facto, no meio de tantas pessoas, vi um fardado. Chegou tarde mas... é caso para perguntar onde estavam os seguranças? Vejo-os todos os dias, à chegada, no outro lado da entrada, em grupo, em alta cavaqueira e muito cigarro. Até já me chegou a irritar, porque todos os dias estão sempre assim. A fumar e na conversa! Uma pessoa até tem de se desviar deles para passar! Mas, se calhar, não é função deles, eu sei lá! A questão "segurança" anda tão confusa por estes instantes... quem é quem, quem faz o quê... é melhor ter tanta apreensão em relacção a um uniforme, como a qualquer desconhecido!

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Até gostaria de receber um brinde nesta altura do Natal... já no no post anterior disse o mesmo...Deve ser uma necessidade de um mimo. It´s Xmas.... :)

sábado, 5 de dezembro de 2009

Lisboa, estrela dos flashes!

Hoje fui mais fotografada que Naomi Campbel! Lisboa, ao Sábado, é dos turistas. Pelo menos duas dúzias deles devem-me ter tirado uma fotografia. Não, não pousei para a lente... ao contrário! Eu fujo das câmaras alheias, mas as malandras são sorrateiras... mal foges de duas, uma terceira dispara e... pimba! Estás na foto!
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Atravessar a Praça da Figueira, na Baixa Lisboeta, onde está a estátua de D. João I, foi uma provação. Eram flashes a disparar vindo de todas as direcções! Assim que atravesso a dita, viro numa esquina, esquivo-me de mais três câmaras em punho e começo a escutar música perto da entrada do Metro. Nem sequer vi os performers, que julguei da Malásia ou Indonésios, ou do Peru, devido ao estilo da música. A multidão ao redor era tanta, que não dava para avistar. Mas nem era preciso. A música emitida por colunas depressa se tornou uma espécie de banda sonora para aquele momento: a caminhada até a paragem de autocarro! :)

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Infelismente, a espera foi longa... 20 minutos. E a música, de Banda Sonora passou a incómodo... pois não variava! Que ironia...

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Li no jornal que andavam a oferecer um café com bolo para incentivar as pessoas a fazer as suas compras de Natal na Baixa de Lisboa. Na rua haviam cartazes com a frase "Natal no Chiado". Menosprezei um pouco a iniciativa, quando a li. Mas após andar e andar rua acima e rua abaixo, fiquei com fome. Até tinha caído bem esta oferenda... caso existisse. Mas nada vi. Entre outras coisas, como a entrega de livros aos passageiros por parte da Carris, começo a achar que existe muita falsa propaganda na altura do Natal... é preciso ter cuidado e não se deixar levar pelas "promoções". Algumas pastelarias e cafés estavam a fechar ás 17h00. Bem sei que é Sábado. Mas também é Dezembro. Se as lojas ali fecharem, assim como alguns restaurantes e pastelarias, a Baixa de Lisboa não renasce das cinzas...

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Vandalismo... Ups! Não!


Regressava a casa quando um autocarro pára ao lado do meu nos semáforos. Passados uns instantes, reparo que esse autocarro tem uma série de papeis amarelos colados no vidro, na parte de trás. Pensei cá comigo: "Que vandalismo! As pessoas são mesmo... de sujar sem razão alguma!".

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Depois de uns segundos, suspeitei que algo estava errado. Aqueles papéis amarelos, dispostos daquela forma aparentemente aleatória, estavam colados no vidro de uma forma que, por fora, pareceu ter sido proposital, ter um padrão. Comecei a achar que não estavam ali por acaso. É então que decido olhar em volta e reparo que, nas janelas do próprio autocarro onde estou existem post-its por todo o lado!

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Reparo então em todos os autocarros que passam. Trazem todos papeizinhos amarelos colados pelas janelas. Afinal, o que parecia ser um acto isolado de "vandalismo", não é nada disso. É sim, uma acção deliberada da Carris, numa das suas muitas "campanhas". Desta feita, o desperdício de papel tem o propósito de "avisar" as pessoas que devem "validar o título de transporte". As portas de entrada e saída também possuem autocolantes enormes nos vidros, por dentro e fora, com a mesma mensagem.

Mais poluição visual... no fundo resume-se a isso. É cada vez mais difícil ver a rua através das janelas e o acréscimo de novas informações só vem prejudicar a visibilidade. É o autocolante com o mapa da cidade ás cores, agora os post-its ás dúzias, os autocolantes nas portas...

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Ao menos numa coisa esta "escolha" foi mais acertada, comparativamente às anteriores. Este papel fica agarrado ao vidro! Ao contrário das campanhas anteriores, em que os papéis tinham a forma de gancho e eram aplicados nas traves superiores, acabando por cair ao chão ou serem derrubados e espizinhados, estes mantém-se no autocarro e, aparentemente, ninguém se sente tentado a tirá-los dali. Para quem já viu uma pessoa embirrar com o autocolante de letras vermelhas "Quebrar em caso de emergência" e arrancá-lo do vidro dizendo que lhe tirava a visibilidade, é espantoso que simples post-its de fraca aderência não recebam o mesmo tratamento...
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Mas pergunto: para quê serve isto, realmente? Não valia mais poupar o dinheirinho que tal acção deve ter custado? Ou será que a Carris consegue bons acordos com fornecedores ou faz permutas de algum género? Se for assim, fico a fazer figas para que arrange um acordo qualquer com uma empresa de limpeza!

sábado, 21 de novembro de 2009

Desinfectante gratuito, por favor!

Ambientadores nas viaturas, livros grátis, propaganda diversa... vira e volta, a Carris divulga acções supostamente em prol do bem estar dos passageiros. E para quê?

Nada disto é mais importante para os passageiros que a garantia que todos os dias podem contar com veículos limpos. A higiene é fundamental. E se falta alguma a alguns passageiros, a Carris deve ter o brio de perceber que, se mudamos os lençois da cama com assiduidade e nestas só se deitam dois, num autocarro onde centenas ou milhares entram POR DIA, a limpeza não é prática que se deva dispensar.

Há dias foi a situação desagradável das baratas. Mas essas são, a pesar de tudo, uma ameaça visível. Os odores desagradáveis e suspeitos, os assentos de pano sujos e quentes - isto é que é alvo de reflexão todos os dias. Hoje entrei no autocarro e o cheiro era tão desagradável! Não dá para identificar. Deu para perceber que não era nada originado por um dia de chuva. Parecia que 1000 peidos tinham sido dados. Depois entro noutro, e o odor é o mesmo. Tenho receio de transportar este fedor nas roupas, que estão limpas e novas. Receio ficar com o fedor em mim, que cheiro a sabonete.

O que a Carris devia distribuir GRÁTIS a todos os passageiros são embalagens de desinfectantes. Para aplicar nos assentos antes da pessoa se sentar. Ou então deviam inventar de uma vez por todas uma capa de silicone dobrável em três, como se faz com um papel, para que as mesmas sirvam de resguardo e protejam as pessoas dos micróbios que vivem naquelas cadeiras onde até passeiam baratas... Não seria uma invenção esquisita, pois existem capas para os assentos dos autómóveis. Só teriam de fabricar as mesmas em silicone maleável (como o dos utensílios de cozinha), práticas, fáceis de transportar e distribuir GRATUITAMENTE a todos os passageiros. Até podiam vir personalizadas ou vir a ser personalizadas, conseguindo com isso transformar o produto em algo com possibilidade de exploração comercial. (como se faz com as capas coloridas e desenhadas para telemóveis e outros assim).

Esta é uma excelente ideia. Alguém quer pegar nela? Eu só quero receber os louros por ter sido quem pensou nisso pela primeira vez... :) E não seria púdica nem teria problema algum em ser a primeira a "sacar" do meu resguardo higiénico (OK, mudar o nome...) para me sentar com a consciência de estar a melhorar as condições da viagem, diminuindo riscos para a saúde...

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Livros? Prefiro inseticida!

Correndo o risco de tornar conhecida a minha "identidade anónima" como utente da Carris, tenho de relatar uma situação caricata que aconteceu dentro do autocarro.

O dia até começou mal: perdi um autocarro estando mesmo perto dele, uma mulher foi estúpida sem qualquer razão, trânsito, perda de outro autocarro, correria para apanhar um terceiro e depois um quarto…

Mas a maior surpresa estava reservada para o final do dia…
Ia sossegadinha sentada num banquinho quando, por acaso, olho para baixo e vejo 3 coisas escuras a deslizar no meu sentido. Aquilo prendeu a minha atenção. Seria uma porcaria qualquer a deslizar devido ao movimento do autocarro? Quando aquelas 3 coisas andaram para trás sem o movimento se alterar, aproximei-me para ver o que eram. Eram bichos, mais concretamente, baratas! Haviam 3 baratas no autocarro! E estavam ali, perto dos meus pés. Tão perto que, assim que se aproximaram, decidi mudar de lugar. Imagina uma coisa destas a subir pela perna acima… chegas a casa, trocas de roupa e dás pela surpresa (ou não!).


Existem inúmeros cenários de possibilidades desagradáveis: os bichinhos a entrar dentro do saco das compras da mercearia, os bichinhos em cima do colo, os bichinhos a procurar abrigo num lugar quentinho e escuro por entre as tuas roupas…
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Elas (as baratas) começaram a subir a lateral. Achei espantoso e só depois me lembrei que era um daqueles momentos para registar e tinha comigo a câmara de fotografar! Que melhor ocasião que esta?
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A pensar que devia alertar o motorista para que este reportasse a quem de direito e se procedesse às medidas necessárias aquando a limpeza daquela viatura, aproximei-me e disse-lhe:
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-Sr. Motorista, desculpe, é só para lhe dizer que tem três baratinhas ali atrás…
- Há! Não faz mal. Estão lá a brincar! – diz, sem surpresa.
- Há é? Está bem. – digo, sem preocupações.

.. É caricato, até engraçado mas tudo isto revela apenas uma coisa: o nível de falta de higiene dos autocarros da Carris. Não se iludam… limpeza é coisa que não existe por ali. As danadas, pelos vistos, eram de estimação!

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Será que também já lhes deram nomes? :)

.............A BARATA..............
O bicho de estimação da Carris

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Convivência com as ciclovias

Passo todos os dias no autocarro pelas obras de ciclovias a decorrer na Av. do Brasil. Há partes do percurso que me deixam curiosa. A ciclovia começa na Rotunda do Relógio e segue avenida acima... enquanto tem espaço. Mas, ali pelo meio, qual a solução que vão arranjar? Não existe espaço para ciclovia. Só um pequeno passeio com árvores, cuja raíz levantou os cubos de pedra da calçada e parques de estacionamento. Tanto um, quanto outro, fazem falta. A ciclovia vai passar por cima e ser aérea?
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A obra parece-me estar a ser executada com visível planeamento. Mas a curiosidade para aquele troço persiste.
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Já o que preocupa, é o final da avenida. Já alcatroada, a ciclovia está protegida por pilaretes. Mas, é claro, estes não são colocados diante das garagens. E o que acontece? Os automóveis sobem o passeio por essa abertura e estacionam os veículos por todo o espaço. O peão, pelo que vejo, continua a caminhar pela calçada. Mas com automóveis estacionados ali, onde fica o peão e o ciclista? Vão dividir o espaço do passeio com os automóveis? Relembro que o estacionamento nesta parte da via chegava a ser na faxa de rodagem... atrapalhando a circulação do autocarro.
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Os automóveis são sempre um problema... precisam de estacionar e, pouco habituadas que as pessoas estão em andar, querem sempre "enfiá-los" pela porta a dentro...
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Pior que este caso, só mesmo a Av. da Igreja, em Alvalade. Nossa! Até num Domingo (passado), enquanto aguardava o autocarro na paragem, os automóveis estacionavam por toda a parte, até mesmo em fila dupla e tripla! Para lá e para cá, tudo por causa do frango assado! Nossa. Que movimento gera aquelas casas de frango!

sábado, 14 de novembro de 2009

Leitura na Carris?

Saiu nas notícias de todos os jornais gratuitos. Desde quarta ou quinta feira passada, a Carris está a distribuir, gratuitamente, aos passageiros, grandes obras de literatura. O objectivo é promover a dita e tornar as viagens na Carris muito agradáveis.


Ora...

Assim que li isto, achei um absurdo. Dinheiro mal empregue, mal gasto, desperdício de papel ou atentado ecológico, uma iniciativa que talvez viesse a servir para alguém lucrar individamente com isso. Mal existem condições para fazer uma curta viagem sem andar aos solavancos e atropelos, quanto mais para fazê-la a ler um livro... Logo a seguir, pensei na gripe. Se estes livros fossem distribuidos de "mão-em-mão", não passariam de mais uma forma facilitada de contágio...

Agora não sei mais o que pensar muito simplesmente porque, como passageira, ainda não presenciei nada desta suposta medida! Então estive esta sexta-feira muito atenta a todos os passageiros com que me cruzava. Uns tantos traziam um livro na mão e pensei: será isto? Outro tinha outro livro: será isto? E um terceiro tinha 4 sacos cheios de livros... serão para distribuir?

Mas nada aconteceu... a não ser uma senhora com duas malas que, ao me pedir licença para sair do lugar ao meu lado, pisou-me o pé com tanta força que ainda o sentia 30 minutos depois.

Sabem, há pessoas que ao se deslocarem precisam agredir outras. Existem aquelas que vão avançando pelo autocarro e se seguram num e noutro corrimão, no teu ombro, no teu cabelo, no teu joelho... e te pisam o pé!

Lá pensei que a senhora, por ser senhora, ligeiramente obesa, com dois sacos, não tivesse muita mobilidade. Mas saímos ambas na mesma paragem e olhem que ela... andava tão depressa que nem eu, que sou rápida, tive pedalada para a dela. A estúpida não tinha qualquer razão para me pisar daquela maneira... tive vontade de lhe limpar a marca de sujidade que me deixou no sapato nas calças.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Burguês chega, escolhe e manda!



Estava no autocarro, sentada num banco individual, de costas, diante de outro banco ocupado por uma senhora. Viajavamos frente uma à outra, estando eu no sentido contrário ao do movimento do veículo.


.Uma paragem depois, a viatura pára e abre as portas para deixar entrar passageiros. A mulher olha para a frente com um ar sério e levanta-se com uma agilidade para mim inesperada. Penso que é para ceder lugar a alguém que vem a entrar mas esse alguém, que não vejo, senta-se do outro lado, nos lugares prioritários, assinalados a vermelho, para idosos e mulheres grávidas ou com crianças.


.O autocarro vai quase vazio. Existem lugares disponíveis por todo o seu comprimento de autocarro articulado. Mas quem se sentou ao meu lado, depressa se levanta para ocupar a cadeira deixada livre pela senhora à minha frente. É a dança da cadeiras!... Só então vejo quem são os ocupantes: uma senhora com uma criança de uns 2 anos.

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Ela senta-se e põe a criança ao colo. O que achei bem, porque era pequena demais e devia viajar amparada, principalmente no autocarro em causa, semelhante ao da foto, com a diferença de ser articulado e dos bancos serem só de plástico cinzento e não terem a protecção lateral que se vê na imagem. Ali, um abano forte e pessoa que não tenha os pés firmes no chão desliza e voa! Era o que eu estava a fazer: força nos pés, para o corpo não balançar com o movimento do veículo. A criança seria projectada com total facilidade se ocupasse uma cadeira sozinha, como aquelas que estavam nos assentos de onde se tinham levantado, na área vermelha.


.Mas eu comecei a desconfiar, pela postura da mulher, que queria que eu saísse dali. Falava alto com a criança, num tom que conheço bem e raramente se dirige à criança. Não a mirei mas, de alguma forma, senti um olhar penetrante. Reparei nos lugares vazios e com assentos lado-a-lado, onde a senhora, se quizesse colocar a pequena criança numa cadeira, poderia usar o braço como cinto de segurança nas muitas travagens e solavancos que o autocarro fazia.


.Quando estava quase a chegar ao meu destino, a impressão que a senhora estava a desejar que eu saísse dali a cada paragem feita pelo autocarro, já estava quase confirmada. Subitamente achei aquela postura revoltante. Com tantos lugares vagos, dar-se a ares que me queria mandar sair dali, como se fosse sua vassala! Pensei seriamente em fazer o percurso até a paragem terminal, não me custaria nada. Ela que fosse "galar" um assento vago, ora o descaramento! Nos lugares inicialmente por ela ocupados, pessoas sentavam e levantavam. Era só lugares a vazar. Bons lugares, lado a lado. Mas ela parecia cobiçar aquele que eu ocupava. A criança não está tão protegida sozinha numa cadeira fora do alcance de um abraço. Aquilo mexeu comigo!


A mulher era relativamente jovem, mas era a avó da criança, cujos pés quando sentada no joelho da avó, mal lhe chegavam a meio das pernas. Ao mudar de lugar, a criança disse que queria sentar-se ajoelhada... pobrezinha. Teria ido logo ao chão! A avó responde-lhe, com aquele tom que é para outros ouvirem, que não pode, porque ia sujar a cadeira. E eu pensei cá com os meus botões: não pode porque iria cair, bater com a cabeça e no mínimo ir para o hospital! E não porque suja o assento... até a criança foi mais perspicaz e responde há avó que "magoava-se com sangue" se fosse de joelhos na cadeira...


Chega a minha saída e deixo de lado a má impressão que aquela senhora me estava a passar. Levanto-me e saio, ignorando a vontade de seguir até ao fim sem sair do lugar que a mulher estava a cobiçar. Com tantos vagos, sinceramente! É certinho: ela pega na criança e projecta-a para o assento da frente. Só a oiço gritar "espere um momento!" - para o motorista, que se preparava para avançar com o autocarro. O que só reforça o perigo que a criança, pequena e sozinha num banco onde um adulto não a pode segurar, corre com cada viragem do autocarro.

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Segui caminho a pensar nas curvas na rotunda, nas curvas rápidas, no acelerar e nas travagens e aquela criança "solta" no banco, pronta para um acidente onde podia "magoar-se com sangue".
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Há pessoas que se acham burguesas e sentem que têm direito de mandar nas outras. Esta senhora, certamente se encaixa no perfil. E também não deve ser das avós mais satisfeitas do mundo, pois não pareceu falar com a criança nesses modos. Ao colocá-la sozinha na cadeira... posso até estar equivocada, o que é bem possível. Mas a impressão que passou foi outra. Terá feito a viagem sem acidentes?


quinta-feira, 29 de outubro de 2009

A minha refeição incomoda o seu cigarro?


É assim que me sinto quando estou perto de fumo. Eram 8h00 da manhã quando entrei no elevador do prédio para ser de imediato agredida pelo cheiro a cigarro. A atmosfera poluída sempre me incomodou fisicamente e para quem saiu de casa em jejum, aquele avassalador odor foi demais!
Lembram-se de um anúncio televisivo passado num restaurante, em que duas pessoas estão a almoçar e uma delas acende logo um cigarro? O fumo dispersa para cima da refeição do outro que diz: Peço desculpa: a minha refeição está a incomodar o seu cigarro?
Como reacção, o outro apaga o cigarro, com um ar envergonhado.

Hoje em dia isto já não resultaria, porque as pessoas tornaram-se muito agressivas e, mesmo com boa educação, não sabem aceitar uma observação negativa. Como consequência, tememos fazer um reparo a desconhecidos envoltos em alguma actividade que nos incomoda. Neste sentido tiro o chapéu à geração mais velha, pois a autenticidade da maturidade acalma reacções autoritárias.

Mas os tempos mudam e outras coisas tomam o papel do cigarro no que respeita a influências agressivas nos espaços públicos. Na camioneta, por exemplo, tanto hoje como noutras ocasiões, pessoas a jogar nos telemóveis sem lhes tirar o som é algo a ganhar terreno, e é incomodativo. Ficar 40 minutos a ouvir vezes e vezes sem conta o mesmo ruído estridente, é mau. A cabeça não descansa. A camioneta, que tem como principal vantagem esse silêncio para uma pessoa usufruir, o que contrasta bastante com outros meios de transporte, é assim privada da única característica que a valoriza. Alguns aparelhos multifunções dispensam os phones pelo que, além dos ruídos de jogos, também escutei músicas. Pela própria função portátil dos aparelhos, os sons que emitem não são tão agradáveis de ouvir como os que são difundidos por colunas de qualidade. Para quem está próximo, são ruídos.

Hoje entrei na camioneta e comecei a ler o jornal (outra vantagem que só a camioneta possui). Nunca consegui ler no interior de um veículo em movimento até ter experimentado fazê-lo na camioneta. Fiquei surpresa por não enjoar e comecei a ganhar-lhe o gosto. Foi então que, durante a viagem de hoje, enquanto silenciosamente lia as notícias, me lembrei do anúncio do cigarro no restaurante e tive vontade de perguntar: desculpe, a leitura do meu jornal está a incomodar a sua música?

domingo, 25 de outubro de 2009

Chuva e obras

Quando chove Lisboa fica um caus. Umas gotinhas de água e as estradas ficam entupidas de veículos que parecem não chegar a lado algum. Num destes dias estava no autocarro que, por sua vez, estava preso no trânsito de uma artéria principal de Lisboa, cuja congestão é algo que mexe com a minha inteligência: a Avenida do Brasil.

Praticamente parados no mesmo lugar já há 15 minutos, fui vendo um passageiro dirigir-se para a frente do veículo, sussurrar algo ao motorista e este a abrir a porta para que a pessoa saísse. Eu fui essa terceira pessoa e ganhei o primeiro murmúrio de insatisfação por parte do motorista. Após 4 semáforos verdes em que não saíamos do lugar e com o relógio a fazer tic-tac, não tinha mais opções: só ia conseguir chegar ao destino a horas se tentasse uma deslocação a pé até outra avenida e aí tentar a sorte com outro autocarro vindo de outra direcção.

Nesse dia não tive sorte. Cheguei ao meu destino 7 minutos depois da hora devida (embora à frente do autocarro de onde saí) e tive de aguardar 60 minutos para a chegada da próxima camioneta. Ter saído mais cedo de casa e entrado mais cedo no autocarro não adiantou, pois a fila de trânsito começou logo depois da Rotunda do Relógio.


Mas nem sempre é assim. Logo no primeiro dia de chuva, com apenas 10 minutos para a hora, saí do autocarro a correr, consegui apanhar outro ainda na avenida, mas mais adiante, que vinha de Alvalade. Corri muito, mas quem corre sempre alcança. Já fiz, de autocarro e de inverno, este percurso em 9 minutos. Que este passe a consumir mais de 35 é um absurdo que desagradou a todos cujo destino é igual ao meu. Todos chegaram atrasados aos empregos.

Ainda por cima, estão a fazer obras ali na esquina da Avenida do Brasil com o Campo Grande. Não entendo é porquê. Aliás, todas as obras que aquela avenida está a sofrer são pontos de interrogações para mim. No lugar mencionado, o que parece é que estão a levantar as pedras da calçada para voltar a colocar no mesmo lugar. Mas já que falo em obras, as que mais despropositadas me parecem, são as que estão a ser feitas na orla do Jardim da Avenida do Brasil. Estão a colocar estacas de madeira a separar o passeio do início do jardim e, mais uma vez, sem ser para tirar e voltar a por pedras de calçada no lugar, não vejo o propósito. Aliás, julgo que em termos de manutenção, a presença das estacas só vem estragar tudo. O lixo vai ficar aprisionado contra a vedação, escondido, oculto e pernicioso. Ao sofrer actos de vandalismo, ficam mais feias ou a necessitar de reparação, que tarda ou nem chega a chegar. E tudo para quê?? Ainda não entendi. Julgo que é uma obra totalmente desnecessária e isso faz-me ficar triste com quem anda a mandar na Câmara Municipal de Lisboa.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Onde está o cartaz?

Faz algum tempo que não escrevo aqui sobre a experiência diária como utente da Carris. Utende profissional, já que os autocarros são o veículo de deslocação desde os 9 anos de idade, altura em que andava com o passe enfiado numa carteirinha que carregava num cordão à volta do pescoço... ah, infância!

Bem, tenho estado constipada e o facto de, na véspera de aparecerem os sintomas, duas pessoas terem tossido para cima de mim estando no autocarro, não deve ser coincidência. É algo que ainda me perturba: observar a falta de gestos de educação e cortesia ou mesmo, segurança, uma vez que já chove lá fora e dizem os especialistas que os casos de Gripe A vão triplicar nesta altura...

Uma mulher perturbou-me em especial porque, com tanto espaço no autocarro, foi segurar-se no corrimão superior ao meu lado. Eu viajava sentada num banco individual de costas para o sentido do movimento do veículo. Pois assim que ali "pousou", a senhora tosse para cima de mim! Há descarada! Na boa! Que coisa! Logo depois, a mulher sentada no banco paralelo ao meu levanta-se e a senhora de blaiser azul claro senta-se no lugar desta. Não podia ter tossido aí? Não podia ter tossido antes de entrar no autocarro? Porquê, digam lá, porquê assim que ambas as mãos agarraram o corrimão, ela teve de tossir? Nem tentou desviar o pescoço... tsc, tsc, tsc!

Mas nesse dia fiz um "teste" e até me assustei. O que parecia uma coincidência, aconteceu algumas vezes para deixar de ser. Sentada naquele lugar, preocupei-me em olhar sempre para fora do autocarro. Por vezes dá vontade de olhar em redor e, quando o fazia, o som de alguém a tossir remetia-me de volta para a paisagem exterior. Quando voltava a olhar para o interior, mais alguém tossia. Há quarta coincidência decidi não olhar mais para dentro do autocarro!

E quando olhei para a mulher do blaizer azul...

Ok. Está visto. Dito assim, parece que tenho uma mania ou atraio estas coisas. Devo ter algo que causa alergia. Mas uma coisa digo: a DGS está de parabéns pelos alertas e comunicados que faz à população. Se esta ainda não adoptou os comportamentos necessários, não é por falta de aviso. Já a Carris... tirando umas parcas vezes há 3 meses atrás em que entrei num autocarro com aquele cartaz meio inofensivo e nada de percepção imediata (o das esferas de água que mencionava a Gripe A), nunca mais encontrei UM ÚNICO cartaz ali, para lembrar as pessoas o que está em causa cada vez que entram no autocarro. Aqui acho que a Carris falha e, sinceramente, não esperava tal coisa. Com tamanha divulgação, não pensei que o interior dos autocarros fosse o local onde a coisa ia passar despercebida. Aposto que, se enchessem aquilo de cartazes, as pessoas se lembrariam de não tossir à toa...

E ainda falta saber, afinal, sobre a desinfecção das superfíceis... os autocarros terão sequer tempo para essa manutenção, quando, antes, nem pareciam ser limpos? Imaginem, nenhum detergente naqueles corrimões, os imensos "rabiosques" que se sentam em apenas uma hora num daqueles assentos de pano... o piso que, quando chove, os pingos de água dos guarda-chuvas traçam riscos de óleo... e a gripe A... É caso para perguntar: quem inspecciona isto? Havendo o alerta, quem, do governo, decide nomear uma comissão que ordene as entidades privadas como a Carris a garantir aos cidadãos que todos os cuidados para não facilitar a dissiminação da doença estão a ser tomados?

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Um gesto cordial compensa...

Já tiveram a sensação que certa coisa conveniente que aparece no instante em que a desejas, só acontece porque acabaste de ter um gesto idêntico?
Ás vezes acredito que isso me acontece. Por exemplo hoje.

Ia a sair da camioneta para atravessar a estrada. Nesse preciso momento, 4 veículos encontram-se a querer passar nesse mesmo local. Um a curvar para a direita, outra da direita para a esquerda, outro da esquerda para a frente, e outro da frente para trás... um autêntico "nó" de viaturas, composto de: um autocarro da Carris, duas camionetas de transporte de passageiros e uma carrinha de caixa fechada de transporte de mercadorias.

Queria atravessar para chegar logo à paragem do autocarro sem me atrasar mas decidi dar prioridade aos motoristas e deixar aquele "nó" de trânsito desatar. Muitas vezes dou por mim a pensar nesta chata coincidência. Tantos segundos tem o minuto e é no instante em que vou para atravessar, que surgem carros por todos os lados. Diverti-me um pouco com a ideia, senti um pouco de bom humor.

Duas pessoas passaram na frente e enfiaram-se pelo meio das viaturas. Mas eu esperei. Quando finalmente cada uma foi para o seu sítio, pude vislumbrar um pouco de alguma coisa e o que vi foi um autocarro da Carris a se aproximar da paragem onde já poderia estar, se tivesse atravessado logo a estrada. Fiquei um triste, porque perdê-lo podia significar ficar à espera de outro por algum tempo. Eis que dou uns passos, e surge outro. Decido correr. Tendo passado um apenas à segundos, a paragem, fora da vista, estaria quase vazia e isso quer dizer que a quantidade diminuta de passageiros para entrar iria fazer com que o autocarro não se demorasse estacionado. Assim que cheguei perto, ele arrancou. Respirei fundo e olhei para o lado, quando percebo que o motorista me viu, parou, e abriu a porta.

Para o «anónimo» que comenta aqui que este blogue é uma perseguição aos motoristas, espero que esta entrada o deixe mais feliz. Escrevo para agradecer e sublinhar o gesto que, de vez em quando, também acontece na Carris. Nem tudo é mau! O factor humano faz toda a diferença.

Agradeci ao motorista e até fiquei constrangida. Entrei e teria de sair dali a poucas paragens, pois o primeiro autocarro que apanho é sempre transitório, que me leva até outro, esse sim, que vai para as minhas bandas. É estranho sentir assim, já que não há razão para isso. A própria Carris faz as carreiras de modo a ser necessário ir de A para B, no autocarro Y e Z. Então, ao invés de sair na que devia, saí noutra mais à frente, só para justificar que o gesto do motorista foi precioso, apesar da distância.

E foi mesmo. Em 4 minutos surgiu o segundo autocarro e assim pude entrar nele. Caso contrário, não conseguiria. Só esse tempo é o que preciso para fazer uma curta distância a pé.

Portanto, não importa se a distância a percorrer é mais ou menos longa. O gesto do motorista foi refrescante e agradável. Ele não sabia que ia perder aquele autocarro, tal como perdi o primeiro, por ter cedido passagem a outros motoristas. E assim, achei que é a forma que o Universo encontra para se comunicar, para passar mensagens, ensinamentos. Se estenderes a mão a alguém, alguém estenderá a mão a ti.

E assim, a cordialidade compensa!

Agora... uma vez na paragem para entrar no segundo autocarro, volto a ter um gesto de cordialidade, ao ceder passagem às pessoas que se encontravam ali em primeiro lugar. Como estas estavam mais afastadas da porta que eu, existiu uma fracção de segundos em que fiquei parada para os deixar passar. Uma senhora atrás de mim refila algo do género: "já que ficam aí e não querem entrar, entro eu". E passa-me à frente, enfiando-se no autocarro, seguida de outra que vinha de lado, também muito apressada e sem respeitar a ordem de chegada. Gosto de ceder passagem a quem está a aguardar o autocarro à mais tempo que eu, mas não gosto que outros que chegam depois me passem à frente. Se encontrar um lugar para me sentar e o ocupar, se outra pessoa precisar visivelmente dele, cedo-o. Por isso, não há porquê querer passar na frente com tanta pressa. Não roubo o lugar a ninguém. Até viajo, a maior parte das vezes, de pé!

Já é a segunda senhora que, ali, diz algo do género. Uma outra, a semana passada, gritou "vamos a despachar! Esta gente não quer entrar!" - mas essa parecia ter um ar meio alucinado. A mulher que passou na minha frente, uma vez no interior, moveu-se mais lentamente que a minha velocidade de passo normal e eu, colada a ela, não estive para "passinhos de bebé". Sentindo que estava a ser empurrada por quem vinha atrás, também não deixei de deixar de apressar a apressada mulher que, afinal, não era tão rápida assim.

Em conclusão: as pessoas estão a perder a paciência e a cordialidade. Ás vezes, eu também não tenho muita paciência para a vagarosidade das pessoas a entrar, a sair, ou tempo que levam para encontrar o cartão e passá-lo na máquina, ficando ali a bloquear a passagem. Mas não é preciso "saltar a tampa!".

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Saídas forçadas

Já me aconteceu um certo número de vezes e acho que é algo que merece referência. Volta e meia, quando não estou entre as primeiras da fila para sair do autocarro, acaba que, por vezes, a porta se fecha ainda comigo a descer os degraus. Quase fico entalada na porta, tendo mesmo, chegado a ficar. E isso deixa-me muito decepcionada. Qual é a pressa? Para quê esse gesto?

Algumas vezes dou prioridade às pessoas que se aglomeram nas portas de saída e se enfiam umas entre as outras, quase se atropelando em encontrões, para sair o mais rapidamente possível. Essa pressa em ser o primeiro a chegar "à meta" (ou não ser o último) é algo que já analizei num outro post. Pessoalmente, acho que podemos ser rápidos sem ser apressados. Sem precisar pisar alguém, dar encontrões, deixar nódoas negras... entendem? Uma vez fui pisada por uma senhora e gritei «Aí!» um pouco alto, ao que ela se surpreendeu. Mas foi tão rápida a correr para sair que o meu dedo ainda latejava de dor, já ela estava fora do autocarro. Era já a 3ª pisadela que eu levava naquela curta viagem e ela me pisou com força e precisão no meu dedo machucado.

Já aqui disse e volto a repetir. Sou bem ágil e rápida a me movimentar, mas não gosto de atropelos. Daí que, quando vou a sair pela porta, muitas vezes tenho de esperar que a pessoa à frente deixe o caminho livre. É que há outro factor interessante em tudo isto: as pessoas têm uma pressa enorme em serem as primeiras a sair, mas, assim que estão nos degraus, perdem velocidade e, não raramente, viram obstáculos a quem ainda precisa sair. Principalmente quando, uma vez fora e do lado da porta, ficam parados, ainda a decidir para que lado virar. Quem vem atrás tem de parar e esperar que saiam da frente para poder descer.
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Ora, comigo já aconteceu que o motorista carrega logo no fechar das portas ainda a pessoa à minha frente está a descer os degraus. O motorista, ou não sabe isso ou calcula, erradamente, que a capacidade de locomoção da pessoa é maior que a que eventualmente é. Claro... eu podia dar um encontrão na pessoa e atirá-la ao chão, mas não me parece... Então, fico com aquele "nervoso miúdinho".  Quando o meu pé atinge o chão, já as portas estão a roçar nas minhas costas. Não é algo que me agrade. Acho que revela um lado feio do ser humano, que está ali meio oculto, mas que ele decide à mesma dar ouvidos. É uma forma de descarregar uma frustração pessoal em cima de alguém. Paga um por todos ou nenhum... sei lá! Só acho mais graça a isto quando o motorista vem devagar, faz questão de abrandar para apanhar os semáforos vermelhos e, depois, subitamente, quando abre as portas para os passageiros sairem, é que sente pressa :)!

Também acontece uma pessoa estar atrás de alguém que vai descer e outra pessoa ao lado dessa pessoa também está a descer e é uns milésimos de segundo mais rápida. Acho que todos esperam que o comportamento seguinte seja este: sair detrás da pessoa que ainda está a descer para se enfiar na abertura entretanto livre e sair a correr. É isso que muitas vezes acontece. A maior parte das vezes, até desço mais rapidamente que a pessoa que estava na frente e ficou ao lado. É que uns precisam descer com firmeza, outros agarram-se ao corrimão, outros descem, dão uma virada e saiem de costas... tudo rápido, mas lento, para quem (ainda) sai do autocarro com um pé diante de outro sem se segurar a nada.

Mas, de todas as vezes que senti que a porta se fechou precipitadamente, a que mais me incomodou foi a vez da saia rodada. A senhora que descia à minha frente usava uma saia comprida. Ao descer, a deslocação do ar eleva a saia e faz um "balão". O meu pé quase que a pisa mas consigo me segurar e descer já a saia da senhora não se apresenta como uma ameaça. Porém, as portas começaram a fechar ainda a bainha da saia estava cá em cima...

Outras poucas vezes, sou só eu a sair e estou na porta. Não é que também acontece? Não sou nada vagarosa, já disse... será que é porque esperam que uma pessoa desça do autocarro pela abertura enquanto as portas ainda se movimentam?

Também observei um comportamento contrário. Um homem, alto, negro, a dar risadas e a falar alto (só entendi a palavra "arma"), esperou o autocarro parar para se levantar e se dirigir para a porta. Mas não parecia tem muita pressa, pois parou a meio para ajeitar a sandália. Ainda se reteve uns instantes na conversa com alguém que ficou para trás. O motorista então, carregou no fechar das portas. O homem não reagiu abrindo os olhos e mostrando ficar alarmado, como os Portugueses fazem (o homem não era Português). Aop invés, na direcção do motorista, pronunciou algo em voz alta, esbracejou ligeiramente e, em segundos, a porta abriu novamente, antes mesmo de fechar totalmente.

Comecei a pensar no poder da intimidação... outra pessoa qualquer teria aquela porta fechada a mais tempo e o autocarro em movimento, visto que o homem era o único a sair naquela paragem e não chegou à porta atempadamente. Mas o medo, ou outra coisa qualquer, o desconhecido, faz as pessoas terem mais cautela... no geral, um motorista sabe como é que um português reage a este tipo de situação. Mas um estrangeiro, alto, à vontade...? É melhor não abusar! Até acho que o homem se demorou um pouco demais e aí estava a ser indelicado, mas creio que não teve intenção e há coisas mais preocupantes no mundo...

Ontem choveu muito em Lisboa, logo pela manhã. Foi trovoada demorada, seguida de uma forte chuva, que, como sempre, teve o poder de alagar estradas e passeios.

Dentro do autocarro, um passageiro que se encontrava à porta de saída, ao sentir o abrandamento do veículo na proximidade da paragem, pediu ao motorista para andar mais um pouco para a frente, porque ali o chão estava alagado. Um outro passageiro, também homem de meia idade, sentado na frente do veículo, num segundo grita, virando-se para trás:
 - "Tenha calma que o homem ainda não parou! Ainda não chegou à paragem, olhe lá a pressa! Não percebo porquê tanta pressa! Ainda não parou!"

O outro passageiro muito educadamente pediu desculpa e ainda tento justificar que falou porque viu o chão cheio de água e pensou que o autocarro ia abrir as portas. Da sua boca ouvi pelo menos 3 "obrigados". Foi educado. O outro, longe disso. Afinal, uma pessoa já não pode, com educação, cometer um equívoco, que é massacrado! Há uma espécie de ira nas pessoas, que gostam de revelar com certas e pequenas miúdezas essa raiva mesquinha.

Numa  paragem de autocarro da Carris, noutro dia, assisti a um daqueles confrontos entre automobilistas que, por alguma razão, decidem parar no meio da via e começar a buzinar e a barafustar dentro dos seus fechados carros, gritando obscinidades com o vidro da janela fechado. Um carro que vinha atrás teve tempo para ver a situação e parar mas, como isso lhe era um inconveniente, decidiu que tinha toda a legitimidade para explodir de raiva. E, é curioso, o passageiro no banco do pendura é que parece ser o que mais gosta de gritar! A rapariga jovem colocou o pescoço fora da janela e logo desatou a gritar: Mer..! Car!!!

Toda esta cena demorou 5 segundos. As 3 viaturas arrancaram de imediato e seguiram rumo estrada acima. Ainda ouvi, já longe, mais umas buzinadelas... mas digam lá: 5 segundos, é preciso saltar logo a tampa?

Aré Bába!

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Gripe A..tchim!

Li num jornal gratuito que PORTUGAL é o SEGUNDO país a ter mais casos de gripe A por cada 100 mil habitantes. Há frente vai a muito cosmopolita Londres, onde milhares de turistas e pessoas de todas as nacionalidades estão de passagem apenas por uns dias...
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Dito assim, com números e factos, é preocupante. Os avisos de como proceder e o nº de telefone a contactar estão por todo o lado, em outdors publicitários, nas páginas de revistas e jornais... talvez devessem estar também nos autocarros da carris (ainda não vi o cartaz da tosse e espirros, só o das esferas de água). E digo isto porque tenho estado a olhar para as pessoas, cada vez que uma delas espirra ou tosse. Posso realmente dizer que, desde o tempo que estou a observar, NENHUMA pessoa procedeu nem remotamente na proximidade das indicações da direcção geral de saúde. Há excepção de uma senhora de alguma idade ontem, que tirou a mão da trave para tossir nela e voltou a agarrar-se no poste.
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Em suma: as pessoas, por alguma razão, não ligam nenhuma aos hábitos de prevenção da propagação de doenças infecto-contagiosas, como a gripe A. Ou por acharem que não estão contaminadas e por isso podem tossir para o ar calhe onde calhar, ou simplesmente não sabem adquirir um bom hábito, nem que isso as possa, eventualmente, matar...

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Animais nos transportes

Logo depois de ter aqui criado um tópico sobre este assunto, no dia seguinte deparei com outra situação. Desta vez, um homem com um carrinho de rodas daqueles que servem para transportar a mercearia, transportava ao invés disso, um cão. O focinho do animal estava de fora, para que respirasse. O homem faz sinal para o autocarro não arrancar e entra, com o cão no carrinho, acabando por não ser nada discreto. Reparei que o motorista percebeu, os passageiros também. Ninguém disse nada. Voltei a ver esse homem mais vezes, sempre com o cão, dentro do carrinho. Hoje voltei a assistir á cena. Vi o olhar do motorista para o rosto do cão a sair pelo canto do saco e sei que sabem que o homem transporta o cão.
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É caso para dizer que vale a pena ocultar. Fingir que não sabe, fingir que não se vê. Tem melhor sorte que o outro, na altura do Natal, que entrou com um minúsculo caozinho ao colo embrulhado num casaco, pediu licença e foi expulso...
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De resto só me resta opinar que nada tenho contra estas cenas que presenciei. Não vejo mal no transporte de cães deste porte. Ainda mais, pude ver o cão antes deste ser "ensacado" e adorei o bixo! Sabem quando um cão tem personalidade? Sabe o chão que pisa, é esperto, inteligente? Sagaz? Divertido? Era aquele! Ainda mais, fez-me lembrar o meu saudoso animal de estimação de infância...

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sábado, 22 de agosto de 2009

O caminho do paraíso... assim espero!

Prometi que actualizava o assunto do post anterior, então cá vai:
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O tal caminho pelo jardim, que tanto aprecio e em cujo percurso deparei, uma manhã, com sinais de trânsito, não deve estar destinado ao extermínio. Os arbustos e árvores, as oliveiras, foram todas cortadas em alguns ramos, é verdade, cortes feitos para que fosse possível a passagem de viaturas, sem que os ramos o perturbassem, isso é visível. Mas a razão não se prende com nada egocêntrico ou económico, como quase sempre é a motivação por detrás de qualquer obra pública.
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A razão de tudo isto prende-se com a presença do centro médico ali ao lado. Um posto que muitos lamentaram ter sido parcialmente desactivado e que, agora, reaparece como que Félix das cinzas, para servir a população de uma forma muito nobre: é um local de triagem para a gripe A. De facto, todas as manhãs o segurança está à porta, com uma máscara no rosto. Ainda não prestei atenção, mas outra pessoa que passou perto diz ter visto um cartaz a pedir para que a entrada se antecedesse da lavagem das mãos e o uso de máscara.
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Estou meio por fora de todo o assunto da gripe A, mas sempre me passou a sensação que os responsáveis estão a fazer um bom trabalho. Estão a prevenir-se a tempo, a fazer de tudo e do melhor para combater a ameaça. Como sempre tive os cuidados que convém ter para evitar o contágio, não alterei a minha rotina, a não ser para o estado de alerta ser maior.
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Agora fico a aqui a contemplar a nova sorte daquele percurso pelo "jardim". O novo papel que aquele pequeno pedaço de chão pode vir a desempenhar. Para mim, como contei, sempre foi um "pequeno troço paradisíaco", com a natureza para nos acolher. Percebo agora o peso do significado da presença da sinalética. Se uma ambulância atravessar aquele jardim, é porque leva alguém que teve a infelicidade de contrair o vírus e este é altamente contagioso. Fico a torcer, a fazer figas, para que nenhuma ambulância alguma vez seja ali vista e nunca tenha de atravessar pelo espaço antes ocupado pelos ramos das oliveiras e pelo arbusto das rosas vermelhas. E se passar, que o caminho lhe sirva de "bom agoiro", que a natureza proteja e atribua essa protecção a quem precisar.
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Uma característica que sempre gostei na zona que vivo (embora poucos apreciem) é a força do vento. Esta zona é tão ventosa que a vontade dos ventos dobrou aço e venceu a vontade dos homens, que insistiam em colocar outdors publicitários ou políticos em locais onde o vento os mandava abaixo. Lembro-me perfeitamente, de ter de entrar no autocarro, pisando o aço de um desses outdors, que o vento conduziu ao chão. Agora, esse mesmo vento, que sopra de longe mas chega aqui com força, pode ajudar a propaguear o vírus.
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Espero que este Inverno que se aproxima seja bom para nós e os casos de pessoas infectadas fiquem muito abaixo das expectativas. Que ninguém venha a morrer, é outro desejo. Já tive gripe. Mais que uma vez, mais que duas e três, e já tive gripe no Verão... não desejo a ninguém. Quem já teve gripe nunca mais precisa de perguntar qual a diferença entre estar constipado e estar com gripe. A diferença é enorme! Senti a minha mortalidade quando estirada na cama, com dores por todo o lado, com gripe e a não aguentar muito mais.

É preciso mesmo ter muito cuidado com estas coisas. Pensamos sempre que acontece aos outros e SOMOS NÓS que temos de nos prevenir. E que tal lavar as mãos como nos dizem, limpar com frequências as superfícies que são muito usadas, ter atenção no que se toca nos locais públicos e muito frequentados, e que tal, mandar o acanhamento às urtigas, e usar máscara? Luvas descartáveis, lenços para abrir portas ou para tocar em maçanetas. É que, se não nos contaminarmos, também não passamos aos outros.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Recanto de paz em perigo de extermínio?

A caminho da paragem do autocarro, avistei uma coisa insólita, que me deixou numa tristeza duradora. Uma hora depois de avistar o que vi, ainda estava mergulhada numa lamento profundo.


Mas o que vi? Para a maioria nada de mais, suponho... mas para mim, foi como se algo que gosto muito estivesse a ser ameaçado de deixar de existir. Penso que é o caso.

O que vi foi um sinal de trânsito no meio de um caminho de jardim. E depois vi outro, e depois outro. Em ambos os sentidos, sinais de trânsito! Naquele caminho que, pessoalmente, considero a parte mais gostosa do percurso. Um pequeno jardim - nem assim se pode chamar, não fossem os muitos arbustos e as muitas árvores aí plantadas parecerem querer reclamar para si essa condição.


Este pequeno caminho por entre os arbustos e árvores sempre me deliciou. Há mais de uma década dei por mim a confessar a uma amiga que este torço era a parte mais relaxante do meu percurso, o lugar onde podia respirar fundo e sentir o aroma da natureza. Na altura tinha de esperar um autocarro na avenida Infante D. Henrique, junto à linha de comboio semi-utilizada (?), numa paragem praticamente inexistente, que consiste apenas no varão metálico com a placa identificativa. O espaço de chão que este precisa, é o espaço que o peão tem. A distância entre mim e o incessante passar do trânsito, praticamente não existe. Além disso, vinha do local de trabalho, com um ar circulante quase irrespirável. A lei da proibição do fumo no interior de edifícios ainda estava longe de entrar em vigor e todos fumavam na sala de espera, lugar sem janelas. A concentração do fumo dos tabacos era tanta, que até a visibilidade ficava perturbada. Após 8 horas desse martírio, sair para a rua sabia bem. Não fosse a paragem de autocarro situar-se praticamente na avenida e ter os veículos a passarem rentes a mim. Por isso, quando chegava ao meu destino, a "salvação" de todo este martírio, era me dada, como que um presente, por aquele pequeno pedaço de caminho relvado, ladeado de árvores e arbustos que, na Primavera, se enchem de muitas flores brancas, dando ao percurso aromas perfumados e alegria. Sempre me lembrava da lenda das amendoeiras, que o nosso rei mandou plantar para aplacar a nostalgia da sua raínha que vinha da neve... Para mim, o efeito era o mesmo..

Costumavam existir uns pilares de pedra a impedir os veículos de passar para esse caminho relvado. Noutro dia, ao passar, vi que tinham cortado uma das oliveiras e imediatamente pensei: "Ó não! Que não seja a minha Oliveira!". Sim, tenho uma oliveira preferida entre as tantas que ali estão. Uma cujo formato e sorte permite que me sente nela, como se de um assento se tratasse, a usufruir da sua sombra. Sombras... tão acolhedoras que são, debaixo deste imenso sol. As pessoas costumam se abrigar nelas ao invés de esperar o autocarro na escaldante paragem, com o sol a bater.
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É por isso e por outras que me custa presenciar certas coisas. A Carris faz paragens que são um atentado aos princípios práticos. De Inverno, deixam entrar água por todo o lado. Os assentos estão sempre encharcados. Uma vez procurei abrigo da chuva numa paragem e acabei mais molhada do que se tivesse continuado na rua, com o guarda-chuva. A água escorria pelas aberturas, salpicava como uma torneira aberta no assento metálico e fazia ricochete para as pessoas. Não se conseguia estar à beira, por causa da chuva e da água a escorrer do telheiro. Não dá para encontrar um maior abrigo no fundo, porque é aberto e a água consegue entrar melhor, escorrendo pelos veios do telheiro. Arre! Cheguei a casa com o casaco molhado em sítios onde não pensei ser possível ficar. Até os bolsos das calças estavam molhados pelo interior! E o casaco era comprido... No Verão, o alumínio e os vidros das paragens da Carris acumulam o calor que até queima uma pessoa ao contacto. Mas o pior das paragens da Carris, são os seus estúpidos cartazes publicitários. Colocados de modo a bloquear totalmente a visibilidade. Normalmente vêm-se as pessoas a esperar de pé, junto à berma, para conseguirem avistar o veículo a se aproximar. Não dá para esperar sentado porque se corre o risco do autocarro passar a grande velocidade sem parar.
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Agora resta-me aguardar para tentar perceber o que vai acontecer ao meu recanto de paz. Onde se fazem vias para passar carros, acaba sempre que se destrói a natureza. O peão vê-se privado do ar mais puro que a mesma traz e, além disso, tem de contornar novos obstáculos, os próprios carros, muitas vezes estacionados individamente. O ar da cidade, já de si pouco recomendável para a saúde, a ser prejudicado pelo extermínio deste recanto que oxigena! Tubos de escape a passar perto, a substituir o perfume de flores, de rosas e outras tantas... estou a me sentir de luto.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

20 cêntimos...

Tenho muitas novidades para contar!

Bem, não são tanto as novidades, quanto é o inusitado de coincidências. (Vou jogar no Euromilhões!). Hoje tive de andar muito a pé. Vi-me numa situação daquelas que não lembra a ninguém... o passe da Carris expirou. Tenho cartões recarregáveis com viagens comigo, mas só davam para uma ida, não para a volta. O cómico desta situação é que não tenho nem um, nem dois cartões, mas uns 10! E todos expirados...

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Aqui tenho de fazer uma crítica ao sistema encontrado pela CARRIS para o carregamento dos mesmos. Aliás: faço duas. A primeira é que existem POUCOS postos em pontos-chave da cidade, onde carregar o cartão. Ou melhor: uma terceira observação: DEVIA-SE PODER CARREGAR os cartões no INTERIOR do autocarro. Este conceito parece-me claro como água. (não venha para aqui um motorista queixar-se, que não quero com isto dizer que tinham de ser vocês a fazê-lo :))



A outra crítica é que tenho dois cartões com dinheiro mas, como é coisa como 73 cêntimos, e uma viagem já custa 82, se não estou em erro, não dá para carregar com, por exemplo, 91 cêntimos, de modo a ficar com 2 viagens. Ou seja: o cartão vai sempre ficar com essa quantia em débito (há! mas parece que pode ser transferida para outros cartões, mas só no metro ou sei-lá-onde... ou seja: mais vale ir há China que o desgaste da sola do sapato é menor e a proporção esforço/lucro maior. Outra crítica (já vão 4!) é que, volta e meia, os cartões perdem a validade. Não é o mesmo que se danificarem e não poderem mais ser usados. Perdem a validade e tens de adquirir outro. Mais 50 cêntimos... multiplicando pelos 10 cartões que tenho comigo, já são 5 euros pelo papel com que são feitos.

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Mas para quem esteja a pensar que estar a discutir poucos cêntimos não faz assim tanta mossa, fique a saber que foi esta a razão pela qual hoje tive de vir para casa... a pé. Claro, podia tentar fazer como muitos outros, e enfiar-me no autocarro sem pagar. Mas não faz o meu género. Tinha apenas uns trocos comigo e ia para comprar o bilhete. Mas faltavam-me 20 cêntimos! E eu com 73 no cartão..... Pensei em pedir emprestado a alguém, explicando a situação. Até pensei em dar a revista que tinha comigo na mala em troca dos 20 cêntimos. Tão pouco, e tanto...



Como quase sempre, o autocarro passa como um relâmpago quando estou a poucos metros da paragem, fazendo-me correr para, quando já estou perto da porta, arrancar... a ideia que tinha, de pedir 20 cêntimos a alguém na paragem, foi-se com ele, que levou os passageiros. Podia ter andado mais um pouco até a paragem da frente, onde duas adolescentes com ar responsável e estudantil, podiam, se calhar, não se importarem de emprestar 20 cêntimos. Mas não tive coragem. Continuei a andar, decidida a caminhar em direcção a casa e depois logo se via. Ainda olhei para o placar electrónico, para ver dali a quanto tempo passava outro autocarro. Mas estava apagado, vejam lá a raridade...

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Ainda não convencida que não tinha dinheiro suficiente, comecei a recontar as moedas. As moedas pretas, de um cêntimo, dois, cinco, a ver se, com a força da mente ou concentração :) aquilo esticava... mas não. Continuava 20 cêntimos em falta. Lá fui a pé... quando finalmente atravessei o jardim do Campo Grande, local, aliás, de onde vim, da zona rodoviária (indescupável não existir num lugar central como este, com rodoviárias para todas as direcções e metro, onde carregar o passe da Carris), e deparei com a PARAGEM SEGUINTE do autocarro onde queria ir, passou outro igual. Continuei a andar. Andei, andei, andei... 20 minutos já se tinham passado, ao menos desde que olhei para o relógio e fiz a estimativa. Quanto tempo será que leva a pé, daqui até casa, ao meu ritmo (andar rápido) - pensei. Para dizer a verdade, esta não foi a primeira vez que aquele percurso ia ser feito a pé. Tive uma "aventura" muito mais interessante com a companhia da Carris há uns anos atrás. E isso sim, é que foi andar... desde o estádio do Benfica até casa (EXPO) a pé! Não fui só eu que, coitada, nesse dia esperava o autocarro na paragem em frente ao centro comercial Colombo. Aquilo ali estava em obras, a paragem ainda estava no lugar, mas o autocarro não aparecia e meia-hora já tinha passado. Decidi telefonar para o número de informações que está no placar e... não haviam autocarros! Eu, mais as outras pessoas que ali estavam já a suspeitar que algo estava errado, fomos a pé pela 2ª circular, até a paragem mais próxima (que neste caso, é longe). Estava muito sol. Era verão. Tinha ido "fazer compras" e não resisti a uma ida ao supermercado para comprar uns deliciosos iogurtes. Só pensava em transportar o saco do lado da perna onde este ia um pouco à sombra dele. Eu não fiquei na paragem seguinte, que de pouco me servia. E estava tão cheia de adrenalina por causa de toda a situação, que fiz todo o percurso a pé! Foi mais de uma hora, não lembro agora o tempo exacto.

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Mas para se fazer uma ideia, basta saber que, parte desse percurso, aí metade dele, foi o que fiz hoje. Depois de andar muito, cortei caminho por uma mata. Aí sempre é mais agradável e distrai um pouco. Entretanto, vi o 3º autocarro passar. Depois da mata, o caminho é agreste e sempre a subir. O que vale é que, quase 8 horas da noite, a cada minuto que passa a força do sol diminui, assim como o calor. Subi tudo, com uma facilidade que só desde que comecei a andar tanto para chegar ao trabalho é que consegui ter. Aqui fico a pensar na verdadeira razão da minha obesidade ligeira. Se ando tanto, e agora até aguento bem, se não como porcarias nem nada... porquê que descobrir uma peça de roupa que me caiba de manhã, é um aborrecimento? Mais louros mereço pelo meu feito porque, com esta história da roupa deixar de servir, só consigo usar sempre a mesma, seja inverno ou verão, as mesmas calças de ganga. Garanto que são boas para "assar" dentro. Ou seja: as roupas que uso não são térmicamente confortáveis.

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Cheguei a casa 50 minutos depois de ter saído da camioneta no Campo Grande. Nada mau... a pé! Mas levei exactamente o mesmo tempo ontem de Lisboa até Sesimbra... de autocarro, claro! Se formos a pensar no valor do tempo e como este pode ser utilizado... 50 minutos têm mais valor em que circunstância? Entretanto, perto daquela que seria a última paragem para mim, passa o 4º autocarro. Aposto que o motorista daquele que arrancou quando estava quase a chegar já tinha passado por mim novamente. É que, de rodinhas, o percurso é curto e faz-se em 15 minutos. A paragem terminal está a duas dali e o autocarro dá a volta e recomeça o percurso no sentido contrário. Se, aqueles que vi, passaram 4 na minha direcção, e uns 4 ou 5 na contrária, o motorista era aquele... não deixo de ficar a pensar o que teriam sido 3 segundos para entrar na viatura comparado ao tempo da caminhada...

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Mas devo estar num dia muito especial. Há desses dias. E decidi caminhar. Os 20 cêntimos em falta, decerto influenciaram. Mas tenho alturas em que gosto mesmo de andar, e lá vou. É mesmo surpreendente como não sou uma mulher magra e elegante!



Ontem, como já deixei escapar, acabei por ir a Sesimbra, num percurso que, do terminal das camionetas na Praça de Espanha, à vila de Sesimbra, demorei 50 minutos. De noite, vim de boleia e não ultrapassou os 30 minutos! Respeitando os limites de velocidade e tudo... De facto, o que é o tempo??

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Mas essa ida para tentar descontrair de um trabalho que explora a minha bondade e capacidades, acabou por me deixar com menos 20 euros. Só de pensar que, por apenas 20 cêntimos fiquei apeada... que podiam ter vindo do gelado que paguei a um conhecido, ou do euro que uma amiga ficou... dá que pensar. Também já dei um cartão com uma viagem a uma pessoa que ia para entrar e descobriu que não tinha o cartão válido...

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Onde é que está escrito que a bondade é recompensada? Estou para ver se assim é. Por isso, vou jogar no euromilhões. Torçam todos por mim! Senão ainda acabamos por descobrir uma realidade terrível, assustadora, temível, que é, só os aproveitadores e exploradores é que se safam neste mundo!

E para contar outra coisa engraçada... hoje de manhã, a caminho para a paragem de autocarro, passei por uma moeda pequena e preta no chão. Não ia para a apanhar. Ainda mais uma de 1 cêntimo! Tenho esta mania de ver uma moeda e não apanhar. Claro está: nunca vi 50 cêntimos ou 1 euro no chão! Só vi 20 (a ironia!) e não tenho o hábito de me baixar para apanhar. Mas hoje, não sei o que me deu, achei que seria de MAU AGOIRO virar as costas a dinheiro. Como se fosse ditar o resto do meu futuro. Então, retroci um passo e apanhei a moeda que, tal como suspeitava, nem portuguesa era. Mas para uma questão de "Karma", servia para o efeito...
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Será que também isto são só impressões e de nada significam? Não me impediu de ficar sem dinheiro por 20 cêntimos! Antes tivesse achado esse valor no chão, isso sim, seria sorte. Bem que andei a espreitar, mas só vi foi beatas e lixo... as pessoas deitam tudo para o chão das ruas, menos dinheiro. Porcas! Ao menos pagavam pelo lixo que produziam :)

sábado, 15 de agosto de 2009

Deslocação em Lisboa com a CARRIS

Pensar ir em algum lado em Lisboa, de transportes públicos, é totalmente inviável quando a opção é a CARRIS. Como é que querem que as pessoas optem por este transporte, se essa escolha implica PERDER HORAS em viagem?!

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Bolas! Lisboa não é uma MEGA-CAPITAL, como Londres e assim. Não se justifica deslocações de A para B que levem mais de uma hora! Nesse espaço de tempo, vê-se um filme na televisão (com as esperas e atrasos, um filme incluindo os intervalos para publicidade) e não se fica com o corpo todo muído de tantos solavancos nem cansado do calor e do movimento.

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Fiz o teste. Pensei em dar um «pulinho» até Sesimbra. Estou a precisar ver o mar e cheirar a maresia. Uma pausa para energizar o facto de ficar o fim-de-semana agarrada ao computador a trabalhar. Decidi partir de um ponto central de Lisboa - O PARQUE DAS NAÇÕES, até o terminar rodoviário dos transportes-Sul, na PRAÇA DE ESPANHA. Recorri ao site da Transpolis, aqui recomendado por um leitor deste blogue. OK! Só a viagem DENTRO de LISBOA leva mais tempo que o percurso até Sesimbra!

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Leitura:

Distância: Menos de 1 Km

Deslocação: 1 hora e 11 minutos.

Tempo estimado de espera: 38 minutos.

Distância pedonal até destino: 63 metros

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É muito desapontante e faz com que os Lisboetas sem CARRO sejam uns vegetais, presos a casa ou adidos frequentadores dos Centros Comerciais. Não gosto tanto assim destes últimos.... acho que vou ter de me contentar com o Tejo! Quanto tempo será que leva para lá chegar?

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Agosto (in)seguro


Dizem que nas férias durante o mês de Agosto, Lisboa fica mais agradável. A maioria das pessoas está de férias na praia e as estradas ficam com menos trânsito. É melhor para circular, para experimentar uma cidade capital de um país menos congestionada, como só um feriado prolongado sabe mostrar.

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Achava que devia ser mesmo assim. Lisboa em Agosto, no que respeita a trânsito, deve ser uma maravilha para conduzir. Menos trâfego, maior rapidez e gosto pela condução. Penso agora de forma um tanto diferente. Tenho visto mais manobras perigosas do que noutras ocasiões. As pessoas devem todas pensar o mesmo e, o excesso de confiança, fá-las não ser tão cautelosas.

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Nem posso numerar as vezes em que um automóvel a querer entrar numa faixa rápida, meteu o "narizinho" de fora e parou, obrigando o transporte público onde me encontrava a travar abruptamente e parar, para o "popó" passar... nas calmas!

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Sempre achei que a maioria não respeita a prioridade dos veículos de transporte públicos, como os autocarros da Carris, pois não há automobilista que não queira ultrapassar um autocarro ou um camião, ou uma carrinha. Até parece que estes são assim tão mais lerdos... o resultado, muitas vezes, é infeliz. Além de que, atrasa bastante o percurso do autocarro e o tempo de deslocação das pessoas que nele procuram também chegar a algum lugar.
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Mas foi o acidente na A8 que trouxe esta lembrança. Faço todos os dias parte do percurso por essa autoestrada e, esta terça-feira, ao chegar, deparei com um cenário invulgar: todos os automóveis parados, as pessoas fora dos veículos e filas até mais não... situação que, pelo que sei, aconteceu de manhã cedo e ainda se mantinha à hora do almoço. No dia seguinte, no mesmo trajecto, alguém comentava que, nesse mesmo dia, de tarde, nas rendondezas, uma camioneta que ia largar gado, deixou uns animais fugir e o trânsito ficou parado, até a polícia abater uns tantos inocentes animais.

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Fui pesquisar na net para saber da autenticidade destes relatos e fiquei surpresa com este Agosto e o início das férias. Concluo então, que o mês de Agosto é um mês para circular com muita CAUTELA pelas estradas. Caminhos mais livres e o calor fazem as pessoas agir de forma menos responsável e colocar as suas vidas e a vida de outras pessoas em risco, com maior frequência.

.Cuidado então com Agosto! É inseguro...

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Educação forçada

Tenho estado a reflectir na questão da gripe A e como a sua ameaça veio a alterar o comportamento das pessoas nos transportes públicos.
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Quando o receio surgiu, já eu havia aqui escrito sobre os maus hábitos dos portugueses em relação ao acto de tossir. Não o faziam com qualquer preocupação de atingir alguém, quando usavam a mão, ou era de forma discreta ou entreaberta para, de seguida, usarem-nas para se agarrarem a tudo o resto, etc.
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O que tenho verificado agora é que, do mal também vem algum bem. Com receio da gripe, as pessoas afastam-se mais umas das outras, procuram não tossir «à descarada». E porquê? Porque recebem um olhar penetrante de alguém que quer se certificar que não está diante da linha de "fogo" de algum infectado. As pessoas começam a adoptar a postura que deviam possuir sempre. Um placar informativo num autocarro da carris informa que se deve tossir fora da direcção de terceiros, para um lenço descartável ou para a manga do vestuário (não para as mãos), lavar muitas vezes as mãos, etc..
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Não é nada difícil. São hábitos que sempre possuí e por isso não entendo como podem ser de difícil assimilação para a maioria. Mas sei que assim é, pois não conheço muitas pessoas que tenham esta consciência e tenham presente no subconsciente por onde andaram a por as mãos e onde estas não podem mais ir enquanto não forem novamente lavadas.
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Mas é nas crianças que esta falta de ensinamento me faz mais confusão. Graças a Deus, parecem ter sido abençoadas por alguma varinha de condão que as protege e as deixam auto-imunes a todas as bactérias com que estão em contacto. As crianças são assim: levam as mãos à boca, depois de as terem passado por todo o sítio: a sola dos sapatos, o chão, os pés, os olhos, o nariz, o cãozinho bonitinho na rua... e nem pensam em passá-las por água!
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quarta-feira, 22 de julho de 2009

Um "obrigada"

Enquanto fazia o habitual trajecto para casa num autocarro articulado, os solavancos fizeram-me lembrar de um episódio passado há uns anos.

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Uma vez fazia este mesmo percurso e comecei a estranhar algo... não sabia bem dizer o que era... estava quase a descobrir qual era a estranheza daquela viagem quando, derepente, entendi: não estava a sentir quaisquer solavancos! As travagens eram suaves, o arranque suave... uma delícia!

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Acreditem: fiquei quase como que um monge budista a "curtir" tamanha serenidade. Ou seja: Foi tão estranha esta «nova sensação»! Sabem o que fiz? Antes de sair, desloquei-me até ao motorista e cumprimentei-o por conduzir bem.
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O homem não disse nada, não fez nenhum gesto, apenas olhou para mim com um ar com um tanto de estranheza.

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Deve ter achado que era maluca. Afinal, se fosse até ele para disparatar, reclamar, gritar, ou insultar, na sociedade de hoje é mais comum que fazer elogios. Mas eu estava decidida. Já tinha tomada a resolução: mesmo que me achasse doida, ia até lá dizer-lhe que é raro andar num autocarro e sentir que se anda bem.

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Tomara que fosse sempre assim. Acredito que nós, portugueses que andam nos autocarros da Carris, não sabemos o que isso é. Se um dia viessemos a experimentar a suavidade do transporte colectivo de muitas rodas, não queriamos outra coisa! É algo semelhante a fazer férias todos os anos no quintal e derepente, ir até Punta Cana!

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Porque andar com suavidade num autocarro da Carris é uma experiência rara, este episódio já estava no fundo do esquecimento, até que a sua excepcionalidade o trouxe de novo ao de cima... Para o partilhar com quem me lê!

segunda-feira, 13 de julho de 2009

A inutilidade da informação CARRIS

Há já uns tempos que este tópico está a mercer destaque. Decidi que era hoje, após uma experiência frustrante a semana passada.
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Há coisa de dois meses ou três, dei conta que o site da Carris mudou de rosto. É lá que vou, quando preciso descobrir um autocarro. A busca está diferente e totalmente ineficaz! Mudaram aquilo para pior... não é típico português??

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Quem quer descobrir os autocarros para um determinado percurso tem de escrever a morada do ponto de partida para o de chegada. Até aqui tudo bem. Mas... e funcionar?
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Experimentem. Só assim vão conseguir entender. Na versão anterior, este método de busca era mais eficaz, pois à medida que se ia escrevendo, as opções iam aparecendo. Agora, embora nas instruções façam referência que é assim que acontece, não é. Com tempo, já tentei pesquisar no site da Carris vezes suficientes para concluir que não se trata de uma falta de habilidade minha: a coisa é mesmo frustrante! Sabem até que ponto... apetece atirar uma coisa ao ar ou desatar a dizer palavrões. Pois é assim...
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A semana passada fui insistente. Quis porque quis e teimei que ia conseguir a informação desejada. Andei pelo site que tempos. A tentar pacientemente obter a informação desejada no tal campo de busca "origem" "destino". Frustrante. Nunca deu.



Então, decidida a conseguir a informação desse por onde desse, fui pesquisar nas carreiras. Mas a única forma de descobrir qual o autocarro que passa numa determinada RUA, é consultanto TODAS as carreiras. Tentei fazer exclusão de partes, mas não tive sorte. Optei então por uma terceira via: o contacto telefónico.
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Ainda no site da Carris, procurei por toda a parte o número de ATENDIMENTO ao utente. Um daqueles 800 qualquer-coisa, ou outro específico para o atendimento directo ao utente. A maioria das companhias hoje em dia facultam este tipo de serviço. Até enerva! Mas de todos os contactos fornecidos, nenhum pareceu ser especificamente para casos assim.
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(Reparem... isto tudo para conseguir uma informação simples que, se bem organizada e funcional, estaria disponível num clique de rato em menos de um minuto)...
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Continuando o relato:
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Não querendo ir parar a outro departamento, decidi obter o número de Atendimento ao Cliente da Carris, através das informações. Liguei para o 118, que me deu um número. Deram-me (claro) um número da Carris. Mas não era específicamente o correcto.

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Do outro lado, o senhor que atendeu foi simpático e procurou ajudar, embora também ele estivesse «às escuras». Pediu-me que aguardasse um pouco na linha enquanto ia averiguar. Entretanto facultei-lhe mais informações sobre o autocarro que procurava (já tinha andado nele há 2 anos, mas não lembrava o número, só parte do trajecto) e, alguém ao seu lado que escutava a conversa, saiu-se com a solução: "Autocarro número 9".
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Boa! - pensei. Já tenho uma referência!
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Voltando ao site da Carris, à consulta das Carreiras, não encontro nenhum "9". Fico frustrada... decido então ligar para o número corecto de atendimento ao utente da Carris (213613000), entretanto obtido através do simpático senhor com quem falei primeiramente ao telefone. Com isto, já estava a sentir alguma inquietação, ao ver o tempo a passar e nada de saber como chegar ao destino por AUTOCARRO.

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Marco os dígitos e uma gravação informa para carregar em números do teclado do telefone, consoante o serviço procurado. Pressiono a tecla 1 e fico a ouvir música. Mas sabem quando se detecta que a ligação nem sequer foi estabelecida? Quando se percebe que vais ouvir música por um longo tempo e ninguém vai atender? Pois foi assim.
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Desliguei e voltei a ligar o número, na esperança de sentir a ligação diferente mas, a música retomava exactamente no ponto onde tinha sido interrompida. Nem informam quantas chamadas tinha à frente, nem fez mais que um toque de sinal de chamada. A música entrava de imediato.
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Numa das muitas tentativas, finalmente alguém atendeu. Mais uma vez, parece que liguei para o número errado… e, mais uma vez, a simpatia da pessoa do outro lado procurou ajudar. Consultando ela própria o site da Carris, estava a ter dificuldade em conseguir descobrir o percurso. Na verdade, estava a ir pelo Google e até me disse que o método de busca só funciona em caso de percursos directos. O que, na Carris, convenhamos, não existe!
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Acabou por me facultar um… composto de TRÊS autocarros e o resto do percurso A PÉ! Convenhamos, um absurdo! A pessoa até estava a sentir um tanto de embaraço por indicar um percurso tão despropositado. Talvez por isso, tentou outro caminho. Não esqueço que fez referência a ser do “tempo” em que os autocarros não tinham sofrido mudanças. Pois… também eu sou desse “tempo”. A lógica dos utentes tamb]em é desse tempo. Mas a da administração, que não deve utilizar os seus veículos como forma de transporte, tem outra opinião…
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Resumindo uma má experiência, acabei, segundo as indicações desta última pessoa (que também me indicou um autocarro cujo percurso só existe como nocturno), na rua, a tentar apanhar um autocarro que me levasse até meio do percurso pretendido, para depois apanhar outro. Após uma caminhada e uma espera um tanto demorada (perdi o primeiro porque a parte de trás do veículo não tinha número) entrei num autocarro e lembrei de perguntar ao motorista se passava na referida rua. Ele nem a conhecia. Então perguntei-lhe se passava por um certo local, ele respondeu que «sim», perguntei se ia demorar muito e ele responde:
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-Quase uma hora!
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Hã!?? – disse, assustada.
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Andar em autocarros em Lisboa é mais demorado (e torturoso) que apanhar uma camioneta para Sesimbra! Metade do percurso ia «consumir» uma hora do meu já reduzido tempo. A outra metade ia levar quanto?
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Desisti. Pedi desculpas ao motorista, que tinha acabado de fechar a porta e pedi para sair. Cheguei a casa e telefonei para a pessoa que me esperava, pedindo desculpas, mas que já não chegaria a tempo e teríamos de adiar a visita para outro dia. Ela própria forneceu a solução para este enigma:

- “O filha, da próxima apanha um Táxi e chegas aqui à porta num instantinho”!
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Mais uma lição… vinda da lucidez de uma pessoa com 92 anos.


Notem que procurava uma informação rápida. De segundos. Minutos, no máximo. E perdi mais de duas horas do meu tempo...

A solução é o Táxi!