quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Bandeiras apagadas

Ás vezes são os próprios funcionários da Carris que, inadvertidamente, acabam por deixar escapar o que pensam da companhia.

Numa ocasião em particular, estava na paragem do autocarro quando um se aproxima, mas não consigo ver qual é. Está escuro, as ruas já estão iluminadas pelos candeeiros mas o autocarro encontra-se com a "bandeira" apagada. Para quem, como eu, não sabe ou já esqueceu o termo, "bandeira" trata-se da zona que diz o nº do autocarro e o destino. Portanto: é o que o identifica!
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Achei por bem avisar o motorista que ainda não tinha ligado as luzes. Sem grande surpresa, este responde que estavam ligadas mas, se por fora não tinha luz, é porque a lâmpada devia estar fundida. Acrescentou ainda que a companhia gasta dinheiro em coisas mais importantes, como os círculos de cor (e aponta para a coisa). Uma espécie de "rodela" de plástico "colada" ao vidro, que diz a COR da área lisboeta por onde o autocarro se movimenta. Pelos vistos, de acordo com o motorista, estas placas costumavam ser menores e foram substituidas por outras maiores, para se verem bem... o motorista soube fazer humor inteligente. O que importa mais? A lâmpada que permite identificar o autocarro de noite ou o círculo de plástico que duvido que seja útil para alguém?
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Saí desse autocarro para outro e, mais uma vez, só quando este se aproxima mesmo perto é que dá para ver de qual se trata. Hesitante, acabo por decidir dar a este motorista a mesma informação que dei ao outro: por fora, a "bandeira" não está iluminada. Mais uma vez, deve tratar-se de uma avaria... lâmpada fundida!
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Achei piada mas preparei-me para o que adivinhei vir a ser a rotina diária, até que a hora mude e os dias voltem a ser mais iluminados pelo sol: autocarros com bandeiras apagadas requerem uma atenção redobrada e visão com raio-x!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Reprimenda eficaz

Estava no autocarro e entro ao mesmo tempo que uma mulher jovem, com ar adoentado. Esta senta-se num banco individual, mesmo em frente a outra pessoa. E tosse tanto, que não se escuta outra coisa. É então, para minha surpresa, que um senhor mais afastado daquele lugar lhe diz:
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-"Ó minha senhora, não lhe ensinaram a tapar a boca com a mão quando tosse? Está para aí a largar os micróbios para cima das outras pessoas! Isso não se faz!"
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A mulher olhou para ele e manteve-se em silêncio absoluto. Porém, o seu olhar revelou um tanto de ira, que engoliu junto com a tosse. A verdade seja dita: a reprimenda foi eficaz. A jovem deixou até de tossir. Antes, não paráva. Ficou que tempos sem sinais de uma convulsão e, quando tossiu, foi apenas por duas vezes, um pouco contido, levando a mão à boca. Sim senhor! Assim devia ser sempre. Afinal, entrou no autocarro a tossir "à grande e à francesa", como se não estivesse num lugar público, mas em casa...
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O homem tinha razão. E nem foi mal educado. Simplesmente teve a coragem de dizer o que muitos de nós muitas vezes pensa para dentro, mas não verbalizamos.
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Infelismente, outra pessoa que entrou no autocarro e desconhecia a situação, decidiu tossir, também, sem tapar a boca ou se preocupar quem estava na sua frente. As pessoas não aprendem...
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Já o disse aqui, antes mesmo da GRIPE A estar a preocupar toda a gente: não temos o BOM hábito e educação para este simples gesto. Somos nojentos, porque tossimos e expelimos os germes para cima dos outros, sem dó nem piedade. Em algumas coisas somos todos esquisitos e críticos. Atiramos a primeira pedra. Noutras, como nesta, esquecemos os bons modos. Nem mesmo no paronama actual de surto, as pessoas demostram ter discernimento...

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Carris apronta das suas...


Quando cheguei hoje ao Campo Grande e procedi como habitualmente à recolha para leitura dos 3 jornais de distribuição gratuita no local, tive uma grande surpresa. Um VENDAVAL parecia ter passado por ali mas, estranhamente, só tinha atingido o jornal DESTAK. Passo a explicar: estes jornais estavam espalhados por todo o lado!

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Dentro da estação do metro, no chão, ao monte e desorganizados, à saída, em TRÊS montes, todos revirados, com os jornais atirados ali, alguns sujos de porcaria, mais outro molhe deles espalhados no "muro" que acompanha a parede que vai até a entrada do centro. Porquê estariam assim? Afinal, o jornal METRO estava, como sempre, morninho e arrumadinho dentro dos suportes próprios, junto às escadas. O jornal GLOBAL, que habitualmente acaba muito depressa, estava a ser dado manualmente, como habitual, pela rapariga jovem que não costumava reagir ao meu "Obrigado". E o DESTAK? Porquê estava naquele caus?

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Porque a Carris estava a distribuir passes no interior! Bilhetes de transporte, com 10 viagens!!! Ora, as pessoas, pelos vistos, decidiram agir como selvagens e desataram a ARRANCAR os cartões colados na página interior. Não para ficar com um ou dois, mas com todos a que conseguissem botar a mão!

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Eu, que chego ali cedo, apenas uns minutos depois da altura da distribuição ter início, já não tive direito a nada... para ler o jornal, tive de me agachar e procurar, no meio do chão, um que me parecesse menos sujo...

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As pessoas também, há que dizê-lo: não têm brio! Há uma falta de civismo, uma forma quase infantil de se comportarem perante um brinde. Está claro, trata-se de um "público-alvo" diversificado: todo o tipo de pessoas anda de transportes públicos. Mas existe uma MAIORIA, que são as pessoas mais necessitadas, portuguesesas e emigrantes, com menos posses e instrução. Uma situação deste porte até seria previsível. Que desagradável ter acontecido! Não acham? Não reflecte bem na imagem do povo português... (diga-se também que, neste contexto, não é só português mas muito diversificado...).

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Só uma vez vi e recebi uma oferta de um destes jornais. Tratou-se de uma pequena garrafa de água. Veio mesmo a calhar. Estava com muita sede e não trazia uma comigo. Pena que era mesmo pequena. Mas a distribuição estava a ser feita ordenadamente. As pessoas fizeram fila e recebiam em mãos, com educação, a garrafa com o jornal. Ora a Carris ou os responsáveis por isto, não podiam ter adivinhado? Andava no local a habitual distribuidora do jornal DESTAK, como habitualmente, aparentando um ar um tanto atarantada, certamente insatisfeita com o que ali se passou. (O que se terá passado, realmente? Foi um grupo de pessoas? Foram todas as pessoas? Foram uns «mal-encarados»)? Não sei. Vi apenas o lamentável resultado. Ouvi alguém comentar que a polícia tinha aparecido e, de facto, no meio de tantas pessoas, vi um fardado. Chegou tarde mas... é caso para perguntar onde estavam os seguranças? Vejo-os todos os dias, à chegada, no outro lado da entrada, em grupo, em alta cavaqueira e muito cigarro. Até já me chegou a irritar, porque todos os dias estão sempre assim. A fumar e na conversa! Uma pessoa até tem de se desviar deles para passar! Mas, se calhar, não é função deles, eu sei lá! A questão "segurança" anda tão confusa por estes instantes... quem é quem, quem faz o quê... é melhor ter tanta apreensão em relacção a um uniforme, como a qualquer desconhecido!

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Até gostaria de receber um brinde nesta altura do Natal... já no no post anterior disse o mesmo...Deve ser uma necessidade de um mimo. It´s Xmas.... :)

sábado, 5 de dezembro de 2009

Lisboa, estrela dos flashes!

Hoje fui mais fotografada que Naomi Campbel! Lisboa, ao Sábado, é dos turistas. Pelo menos duas dúzias deles devem-me ter tirado uma fotografia. Não, não pousei para a lente... ao contrário! Eu fujo das câmaras alheias, mas as malandras são sorrateiras... mal foges de duas, uma terceira dispara e... pimba! Estás na foto!
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Atravessar a Praça da Figueira, na Baixa Lisboeta, onde está a estátua de D. João I, foi uma provação. Eram flashes a disparar vindo de todas as direcções! Assim que atravesso a dita, viro numa esquina, esquivo-me de mais três câmaras em punho e começo a escutar música perto da entrada do Metro. Nem sequer vi os performers, que julguei da Malásia ou Indonésios, ou do Peru, devido ao estilo da música. A multidão ao redor era tanta, que não dava para avistar. Mas nem era preciso. A música emitida por colunas depressa se tornou uma espécie de banda sonora para aquele momento: a caminhada até a paragem de autocarro! :)

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Infelismente, a espera foi longa... 20 minutos. E a música, de Banda Sonora passou a incómodo... pois não variava! Que ironia...

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Li no jornal que andavam a oferecer um café com bolo para incentivar as pessoas a fazer as suas compras de Natal na Baixa de Lisboa. Na rua haviam cartazes com a frase "Natal no Chiado". Menosprezei um pouco a iniciativa, quando a li. Mas após andar e andar rua acima e rua abaixo, fiquei com fome. Até tinha caído bem esta oferenda... caso existisse. Mas nada vi. Entre outras coisas, como a entrega de livros aos passageiros por parte da Carris, começo a achar que existe muita falsa propaganda na altura do Natal... é preciso ter cuidado e não se deixar levar pelas "promoções". Algumas pastelarias e cafés estavam a fechar ás 17h00. Bem sei que é Sábado. Mas também é Dezembro. Se as lojas ali fecharem, assim como alguns restaurantes e pastelarias, a Baixa de Lisboa não renasce das cinzas...

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Vandalismo... Ups! Não!


Regressava a casa quando um autocarro pára ao lado do meu nos semáforos. Passados uns instantes, reparo que esse autocarro tem uma série de papeis amarelos colados no vidro, na parte de trás. Pensei cá comigo: "Que vandalismo! As pessoas são mesmo... de sujar sem razão alguma!".

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Depois de uns segundos, suspeitei que algo estava errado. Aqueles papéis amarelos, dispostos daquela forma aparentemente aleatória, estavam colados no vidro de uma forma que, por fora, pareceu ter sido proposital, ter um padrão. Comecei a achar que não estavam ali por acaso. É então que decido olhar em volta e reparo que, nas janelas do próprio autocarro onde estou existem post-its por todo o lado!

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Reparo então em todos os autocarros que passam. Trazem todos papeizinhos amarelos colados pelas janelas. Afinal, o que parecia ser um acto isolado de "vandalismo", não é nada disso. É sim, uma acção deliberada da Carris, numa das suas muitas "campanhas". Desta feita, o desperdício de papel tem o propósito de "avisar" as pessoas que devem "validar o título de transporte". As portas de entrada e saída também possuem autocolantes enormes nos vidros, por dentro e fora, com a mesma mensagem.

Mais poluição visual... no fundo resume-se a isso. É cada vez mais difícil ver a rua através das janelas e o acréscimo de novas informações só vem prejudicar a visibilidade. É o autocolante com o mapa da cidade ás cores, agora os post-its ás dúzias, os autocolantes nas portas...

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Ao menos numa coisa esta "escolha" foi mais acertada, comparativamente às anteriores. Este papel fica agarrado ao vidro! Ao contrário das campanhas anteriores, em que os papéis tinham a forma de gancho e eram aplicados nas traves superiores, acabando por cair ao chão ou serem derrubados e espizinhados, estes mantém-se no autocarro e, aparentemente, ninguém se sente tentado a tirá-los dali. Para quem já viu uma pessoa embirrar com o autocolante de letras vermelhas "Quebrar em caso de emergência" e arrancá-lo do vidro dizendo que lhe tirava a visibilidade, é espantoso que simples post-its de fraca aderência não recebam o mesmo tratamento...
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Mas pergunto: para quê serve isto, realmente? Não valia mais poupar o dinheirinho que tal acção deve ter custado? Ou será que a Carris consegue bons acordos com fornecedores ou faz permutas de algum género? Se for assim, fico a fazer figas para que arrange um acordo qualquer com uma empresa de limpeza!