segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Obrigado aos leitores, o blogue não vai morrer!

Agradeço a TODOS que têm vindo a este blogue e deixado a vossa contribuição.

São vários os dias em que me apetece cá vir fazer uma postagem, e outra, e outra, porque os assuntos nunca terminam. Adio, adio e depois deixo passar. Mas sei que voltarei a publicar com alguma assiduidade. Primeiro, porque tenho noção que acaba por ser um bem para todos. Depois, porque há muita coisa que quero dizer. 


Como por exemplo, é tão frequente o tempo de espera numa paragem ser elevado, que se fizer o percurso a pé (já me aconteceu muitas vezes) chego primeiro que o autocarro. Ora, se demoro 20 minutos, gostaria que o autocarro não demorasse 25 ou mais para aparecer!


Outra situação recorrente é andar com o passe diário e validar à entrada só para descer e fazer o transbordo na paragem seguinte. Fica-se à espera 20 minutos pelo próximo autocarro e é aí que se começa a sentir o stress porque, com o atraso enorme de transbordo, o título validado está cada vez mais próximo de expirar. E ainda falta o trajecto quase todo para ser feito.

Não tão poucas vezes quanto isso, tenho apanhado placares que indicam que as viaturas estão a 76 minutos (sim, SETENTA E SEIS!!!) de distância. Outra ocasião foi ainda mais, passou dos 80! Saquei da máquina fotográfica para registar a impressionante informação mas como sempre, os placares são anti-foto :(

(foto tirada daqui)
os eletricos... Quase que para certos percursos, andar a pé vai dar ao mesmo que usar o eléctrico. Este passa mais tempo parado e a tentar andar do que em circulação. Enquanto isso, os solavancos, o pára-arranca são uma autêntica tortura para qualquer passageiro de pé, e até mesmo para os que vão sentados. E quando o sol está forte, nada protege o passageiro do calor, do desconforto. A demora e o calor o faz sentir que está a cozer em lume brando! As portas, dos eletricos, é comum não fecharem. Até já aprendi um truque para ajudar o maquinista (?) para que este possa arrancar o quanto antes. Caso contrário, fica-se ali a ver a porta a bater, bater, abrir e bater sem fechar e a torrar ao sol.


Continuam - os eléctricos modernos, a não ter activa a indicação luminosa e auditiva de próxima paragem. E o cómico que foi quando finalmente entrei num com a indicação visual e sonora, mas a bota não batia com a perdigota: ao passar por um sítio, a voz indicava quatro sítios atrás. 
"Um estrangeiro engana-se logo ao ouvir isto!" - disse um passageiro, e com muita razão. 


Pelo menos os elétricos da carris, desses «novos», servem como comédia. As pessoas preferem rir do disparate que é estar a parar em "Santos" e a voz indicar "Praça do Comércio". De vez em quando riem também quando viajam apertadas que nem sardinhas. E tentam ter humor quando ficam demasiado tempo parados num sítio, ou quando têm de trocar de lugar porque pinga água no assento (provavelmente do inexistente ar condicionado - ou ar pingado). Fazem por ignorar a barulheira eletrónica e será que riem quando têm de fazer o percurso a pé porque o elétrico por algum motivo deixou de andar?

Quando um elétrico pára, os outros não podem ultrapassar... E tudo fica perdido.
(foto tirada daqui)
Tanta coisa acontece, sempre uma repetição de outras e outras. 
Para primeiro mundo, falta-nos tanto que parece que se deseja o inatingível.

Isto até o inatingível surgir palpável, numa visita a uns poucos países europeus onde o serviço de transportes colectivos fazem um português chorar de alegria e de tristeza ao mesmo tempo! 

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Pagar transportes para andar a pé

Saí do segundo veículo de transporte para apanhar o terceiro e, finalmente, último. Depois de atravessar a estrada para chegar à paragem do dito (nunca que entre o primeiro e o segundo ou entre o segundo e o terceiro que as paragens são as mesmas, há sempre muito a andar a pé) a primeira coisa que faço é olhar para o painel dos veículos e ver quantos minutos faltam até chegar o único autocarro que me serve para chegar ao destino.

Faltavam 19 minutos!!!

E dos autocarros que aquela paragem servia, nem era o que demorava mais. Havia um para o qual a espera estava nos 36 minutos, mais de meia-hora!

Fazia horas que tinha visto um painel de veículos a apontar desde 88 minutos aos 45, pelo que a surpresa dos 19 minutos para o derradeiro e mais importante só não foi maior por já ter visto desgraça superior. Tirei até uma foto para registar o inusitado, mas parece que a carris se protege até disso, ao fazer aqueles painéis luminosos «à prova de foto», já que os dígitos não aparecem na imagem. Só uma vez tive sucesso - logo à primeira - e desde então tenho feito muitas tentativas de fotografar os absurdos tempos de espera nos painéis de autocarros, mas sem conseguir registar os dígitos luminosos.

Chega outra pessoa à paragem, também ela tinha atravessado a estrada vinda de outro transporte e ao ver os minutos registados no painel, desabafa em voz alta:
-"Ai meu Deus! 19 minutos até chegar o autocarro!"

E eu, o que faço?
Estou a 15 minutos de chegar A PÉ ao meu destino. Mas o pior é o percurso: contra o sol e sempre numa subida íngreme. Apesar de serem quase 15h da tarde o almoço ainda não forrava o meu estômago - nem poderia, fazia sensivelmente uma hora e meia que deslocava-me nos transportes.  A menos que a Carris intenda que se faça merendas dentro dos veículos, é impossível uma pessoa sentir-se energética e com vontade tanto para fazer caminhadas íngremes ao sol, quanto para esperar tanto tempo por mais um transporte. Faltavam-me energias. Mas também faltava-me paciência e capacidade para esperar mais tempo. Ainda por mais numa paragem também ela banhada pelo sol. Isso é pura tortura. O corpo estava exausto e o estômago vazio. Mas tinha de tomar uma decisão: aguardar ao sol 19 ou mais minutos ou subir a pé?

Decidi subir a pé. Um pouco a colectar o que me restava das energias e lá fui, como habitualmente, a subir contra o sol, com aquela dorzinha nas costas, com a certeza de que estou a andar menos na vertical do que imagino na minha mente, a contribuir para a degradação da saúde, pois o corpo já não é tão jovem, Logo no primeiro passo não consigo evitar de pensar o desperdício que foi ter pago a viagem. "Pago bilhete para andar a pé!".

É isto que acabo sempre por concluir: paga-se bilhete para andar a pé.

Com esperas de 19 ou 88 minutos entre veículos, claro!

Um contacto de primeiro mundo:

Dias antes tinha recebido notícias de uma pessoa que foi para fora do país. Conta-me, com total surpresa e admiração, como funcionam os transportes públicos naquela cidade. É que não me fala de mais nada: monumentos, comércio, paisagens, nada disso lhe falou mais alto do que o sistema de transportes públicos. Para esta pessoa que cá também anda nos autocarros da Carris, o mais surpreendente e admirável que encontrou fora foi os transportes públicos

E repete-se em exclamações ao dizer que ali compra-se o passe e não é preciso mostrar o cartão cada vez que se entra e sai dos transportes mas igualmente surpreendente é que este passe é válido em todos os transportes. Todos mesmo.

E contou-me ela: «quando eu digo todos, é mesmo todos: barco, autocarro, metro, comboio... todos!». «E existe um painel - não como esses daí, que são pequenos, mas um enorme, com os horários dos próximos transportes, e é sempre um minuto, dois minutos... olha, estão sempre a chegar. É muito diferente, não imaginas! Não se tem de mostrar o passe, paga-se o passe e estás à vontade para entrar e sair onde quiseres, quantas vezes quiseres e em todo o tipo de transporte».

Enquanto em Londres e outras cidades capitais da Europa qualquer utente espera 1 minuto pela carruagem do metro, aqui espera-se entre 5 a 25. Autocarros da Carris então, e de brandar aos céus de tanto stress que provocam! Deve ser o único local do mundo onde a meio do percurso o autocarro para para trocar de motorista. As longas esperas, o pagar bilhete para entrar e sair constantemente dos veículos, sempre a ter de validar o título de transporte nas falíveis máquinas, o que faz empatar a circulação e aumenta exponencialmente as probabilidades de uma pessoa ser vítima de carteiristas. 

Uma pessoa já sabe, por instinto, que em Portugal, ou melhor: na capital de Portugal, os transportes são de segundo mundo. Mas escutar uma coisa destas na primeira pessoa é como levar com uma chapada de luva branca da realidade: estamos mesmo a viver num país com transportes públicos do segundo mundo! E os há melhores em tantas zonas da Europa! Era só se esforçarem mais... 


segunda-feira, 30 de março de 2015

Placares... tão bonitos!

Paragem do Campo Pequeno.
Falta 45 a 50m para aparecerem dois veículos 783.
Mas de onde partem os 783? Da China?

Não! Dali perto... Amoreiras!

Reembolso em dia de greve, não?

Cada vez me convenço mais (ou melhor, me convencem)
que a Carris devia PAGAR a certos utentes para utilizarem os seus transportes.

De onde vem essa convicção?
De cada vez que entram em greve.
De cada vez que fico uns 20 minutos a aguardar numa paragem a próxima viatura.
De cada vez que preciso apanhar uns 4 autocarros para circular em Lisboa.
De cada vez que preciso esperar mais de 10 minutos por cada TRANSIÇÃO de autocarro para fazer um só percurso.
De cada vez que estou quase a chegar à paragem após subir a rua esforçadamente e o autocarro passa nesse instante.
De cada vez (e elas são muitas) que vejo pessoas a usar os transportes sem sequer APRESENTAR título válido.

E nisto tudo eu me interrogo, muitas vezes, como noutro dia, de noite, quando tive 20 minutos à espera de um terceiro autocarro, que ainda levou 10 minutos a fazer o percurso e chegou 1 minuto atrasado:

METADE DO QUE PAGUEI PELO PASSE MENSAL DEVIA SER REEMBOLSADO!


Próxima greve da Carris:

Dia 10 de Abril - sexta-feira, pois claro. Vai complementar a greve do metro. Ou seja, não haverão transportes nessa sexta. E o povo paga para quê?

Quero antes dizer: e o povo PARVO que ainda paga? Sim, porque uma boa parte já deixou de o fazer. Parvo é aquele que é certinho e depois sai prejudicado!