segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Obrigado aos leitores, o blogue não vai morrer!

Agradeço a TODOS que têm vindo a este blogue e deixado a vossa contribuição.

São vários os dias em que me apetece cá vir fazer uma postagem, e outra, e outra, porque os assuntos nunca terminam. Adio, adio e depois deixo passar. Mas sei que voltarei a publicar com alguma assiduidade. Primeiro, porque tenho noção que acaba por ser um bem para todos. Depois, porque há muita coisa que quero dizer. 


Como por exemplo, é tão frequente o tempo de espera numa paragem ser elevado, que se fizer o percurso a pé (já me aconteceu muitas vezes) chego primeiro que o autocarro. Ora, se demoro 20 minutos, gostaria que o autocarro não demorasse 25 ou mais para aparecer!


Outra situação recorrente é andar com o passe diário e validar à entrada só para descer e fazer o transbordo na paragem seguinte. Fica-se à espera 20 minutos pelo próximo autocarro e é aí que se começa a sentir o stress porque, com o atraso enorme de transbordo, o título validado está cada vez mais próximo de expirar. E ainda falta o trajecto quase todo para ser feito.

Não tão poucas vezes quanto isso, tenho apanhado placares que indicam que as viaturas estão a 76 minutos (sim, SETENTA E SEIS!!!) de distância. Outra ocasião foi ainda mais, passou dos 80! Saquei da máquina fotográfica para registar a impressionante informação mas como sempre, os placares são anti-foto :(

(foto tirada daqui)
os eletricos... Quase que para certos percursos, andar a pé vai dar ao mesmo que usar o eléctrico. Este passa mais tempo parado e a tentar andar do que em circulação. Enquanto isso, os solavancos, o pára-arranca são uma autêntica tortura para qualquer passageiro de pé, e até mesmo para os que vão sentados. E quando o sol está forte, nada protege o passageiro do calor, do desconforto. A demora e o calor o faz sentir que está a cozer em lume brando! As portas, dos eletricos, é comum não fecharem. Até já aprendi um truque para ajudar o maquinista (?) para que este possa arrancar o quanto antes. Caso contrário, fica-se ali a ver a porta a bater, bater, abrir e bater sem fechar e a torrar ao sol.


Continuam - os eléctricos modernos, a não ter activa a indicação luminosa e auditiva de próxima paragem. E o cómico que foi quando finalmente entrei num com a indicação visual e sonora, mas a bota não batia com a perdigota: ao passar por um sítio, a voz indicava quatro sítios atrás. 
"Um estrangeiro engana-se logo ao ouvir isto!" - disse um passageiro, e com muita razão. 


Pelo menos os elétricos da carris, desses «novos», servem como comédia. As pessoas preferem rir do disparate que é estar a parar em "Santos" e a voz indicar "Praça do Comércio". De vez em quando riem também quando viajam apertadas que nem sardinhas. E tentam ter humor quando ficam demasiado tempo parados num sítio, ou quando têm de trocar de lugar porque pinga água no assento (provavelmente do inexistente ar condicionado - ou ar pingado). Fazem por ignorar a barulheira eletrónica e será que riem quando têm de fazer o percurso a pé porque o elétrico por algum motivo deixou de andar?

Quando um elétrico pára, os outros não podem ultrapassar... E tudo fica perdido.
(foto tirada daqui)
Tanta coisa acontece, sempre uma repetição de outras e outras. 
Para primeiro mundo, falta-nos tanto que parece que se deseja o inatingível.

Isto até o inatingível surgir palpável, numa visita a uns poucos países europeus onde o serviço de transportes colectivos fazem um português chorar de alegria e de tristeza ao mesmo tempo! 

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Pagar transportes para andar a pé

Saí do segundo veículo de transporte para apanhar o terceiro e, finalmente, último. Depois de atravessar a estrada para chegar à paragem do dito (nunca que entre o primeiro e o segundo ou entre o segundo e o terceiro que as paragens são as mesmas, há sempre muito a andar a pé) a primeira coisa que faço é olhar para o painel dos veículos e ver quantos minutos faltam até chegar o único autocarro que me serve para chegar ao destino.

Faltavam 19 minutos!!!

E dos autocarros que aquela paragem servia, nem era o que demorava mais. Havia um para o qual a espera estava nos 36 minutos, mais de meia-hora!

Fazia horas que tinha visto um painel de veículos a apontar desde 88 minutos aos 45, pelo que a surpresa dos 19 minutos para o derradeiro e mais importante só não foi maior por já ter visto desgraça superior. Tirei até uma foto para registar o inusitado, mas parece que a carris se protege até disso, ao fazer aqueles painéis luminosos «à prova de foto», já que os dígitos não aparecem na imagem. Só uma vez tive sucesso - logo à primeira - e desde então tenho feito muitas tentativas de fotografar os absurdos tempos de espera nos painéis de autocarros, mas sem conseguir registar os dígitos luminosos.

Chega outra pessoa à paragem, também ela tinha atravessado a estrada vinda de outro transporte e ao ver os minutos registados no painel, desabafa em voz alta:
-"Ai meu Deus! 19 minutos até chegar o autocarro!"

E eu, o que faço?
Estou a 15 minutos de chegar A PÉ ao meu destino. Mas o pior é o percurso: contra o sol e sempre numa subida íngreme. Apesar de serem quase 15h da tarde o almoço ainda não forrava o meu estômago - nem poderia, fazia sensivelmente uma hora e meia que deslocava-me nos transportes.  A menos que a Carris intenda que se faça merendas dentro dos veículos, é impossível uma pessoa sentir-se energética e com vontade tanto para fazer caminhadas íngremes ao sol, quanto para esperar tanto tempo por mais um transporte. Faltavam-me energias. Mas também faltava-me paciência e capacidade para esperar mais tempo. Ainda por mais numa paragem também ela banhada pelo sol. Isso é pura tortura. O corpo estava exausto e o estômago vazio. Mas tinha de tomar uma decisão: aguardar ao sol 19 ou mais minutos ou subir a pé?

Decidi subir a pé. Um pouco a colectar o que me restava das energias e lá fui, como habitualmente, a subir contra o sol, com aquela dorzinha nas costas, com a certeza de que estou a andar menos na vertical do que imagino na minha mente, a contribuir para a degradação da saúde, pois o corpo já não é tão jovem, Logo no primeiro passo não consigo evitar de pensar o desperdício que foi ter pago a viagem. "Pago bilhete para andar a pé!".

É isto que acabo sempre por concluir: paga-se bilhete para andar a pé.

Com esperas de 19 ou 88 minutos entre veículos, claro!

Um contacto de primeiro mundo:

Dias antes tinha recebido notícias de uma pessoa que foi para fora do país. Conta-me, com total surpresa e admiração, como funcionam os transportes públicos naquela cidade. É que não me fala de mais nada: monumentos, comércio, paisagens, nada disso lhe falou mais alto do que o sistema de transportes públicos. Para esta pessoa que cá também anda nos autocarros da Carris, o mais surpreendente e admirável que encontrou fora foi os transportes públicos

E repete-se em exclamações ao dizer que ali compra-se o passe e não é preciso mostrar o cartão cada vez que se entra e sai dos transportes mas igualmente surpreendente é que este passe é válido em todos os transportes. Todos mesmo.

E contou-me ela: «quando eu digo todos, é mesmo todos: barco, autocarro, metro, comboio... todos!». «E existe um painel - não como esses daí, que são pequenos, mas um enorme, com os horários dos próximos transportes, e é sempre um minuto, dois minutos... olha, estão sempre a chegar. É muito diferente, não imaginas! Não se tem de mostrar o passe, paga-se o passe e estás à vontade para entrar e sair onde quiseres, quantas vezes quiseres e em todo o tipo de transporte».

Enquanto em Londres e outras cidades capitais da Europa qualquer utente espera 1 minuto pela carruagem do metro, aqui espera-se entre 5 a 25. Autocarros da Carris então, e de brandar aos céus de tanto stress que provocam! Deve ser o único local do mundo onde a meio do percurso o autocarro para para trocar de motorista. As longas esperas, o pagar bilhete para entrar e sair constantemente dos veículos, sempre a ter de validar o título de transporte nas falíveis máquinas, o que faz empatar a circulação e aumenta exponencialmente as probabilidades de uma pessoa ser vítima de carteiristas. 

Uma pessoa já sabe, por instinto, que em Portugal, ou melhor: na capital de Portugal, os transportes são de segundo mundo. Mas escutar uma coisa destas na primeira pessoa é como levar com uma chapada de luva branca da realidade: estamos mesmo a viver num país com transportes públicos do segundo mundo! E os há melhores em tantas zonas da Europa! Era só se esforçarem mais... 


segunda-feira, 30 de março de 2015

Placares... tão bonitos!

Paragem do Campo Pequeno.
Falta 45 a 50m para aparecerem dois veículos 783.
Mas de onde partem os 783? Da China?

Não! Dali perto... Amoreiras!

Reembolso em dia de greve, não?

Cada vez me convenço mais (ou melhor, me convencem)
que a Carris devia PAGAR a certos utentes para utilizarem os seus transportes.

De onde vem essa convicção?
De cada vez que entram em greve.
De cada vez que fico uns 20 minutos a aguardar numa paragem a próxima viatura.
De cada vez que preciso apanhar uns 4 autocarros para circular em Lisboa.
De cada vez que preciso esperar mais de 10 minutos por cada TRANSIÇÃO de autocarro para fazer um só percurso.
De cada vez que estou quase a chegar à paragem após subir a rua esforçadamente e o autocarro passa nesse instante.
De cada vez (e elas são muitas) que vejo pessoas a usar os transportes sem sequer APRESENTAR título válido.

E nisto tudo eu me interrogo, muitas vezes, como noutro dia, de noite, quando tive 20 minutos à espera de um terceiro autocarro, que ainda levou 10 minutos a fazer o percurso e chegou 1 minuto atrasado:

METADE DO QUE PAGUEI PELO PASSE MENSAL DEVIA SER REEMBOLSADO!


Próxima greve da Carris:

Dia 10 de Abril - sexta-feira, pois claro. Vai complementar a greve do metro. Ou seja, não haverão transportes nessa sexta. E o povo paga para quê?

Quero antes dizer: e o povo PARVO que ainda paga? Sim, porque uma boa parte já deixou de o fazer. Parvo é aquele que é certinho e depois sai prejudicado!


sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Ser multado

O post mais popular deste blogue é o que relata a MULTA.
Volta e meia chega à caixa de correio várias perguntas sobre o que fazer para não se pagar uma multa. Ou o que fazer quando se deu os dados incorrectos ao receber uma multa. Conclusão: a MULTA É uma prática constante nos serviços da Carris.

Gostaria que as muitas pessoas a quem tentei esclarecer voltassem aqui para deixar um comentário a EXPLICAR como resolveram a situação. Não tenho muitas dúvidas que quase todas, certamente, se viram OBRIGADAS, forçadas, tal como eu, ao pagamento. Visto que o contrário seria um ingrata odisseia.

Mas ainda assim aproveito para DESABAFAR novamente as INJUSTIÇAS deste sistema.

Chegou aos meus ouvidos mais um caso de MULTA. Mas desta vez a uma pessoa que conheço muito bem. Uma pessoa que toda a sua vida andou de autocarro. TODA. O tipo de pessoa que estava sempre a enaltecer este meio de transporte, a quem se oferecia boleia mas que sempre recusava, mesmo num chuvoso inverno, argumentando que de autocarro chegaria ao seu destino num instante. 

Uma pessoa que durante uma conversa depressa retirava da carteira o seu passe mensal para explicar que comprava a senha L1, que era mais cara, mas com ela conseguia viajar para qualquer zona descansadamente, até para os limites da cidade e não estaria a infringir nenhuma norma, como via outros fazerem, outros que só tinham a senha L, e não a L1
Esta pessoa foi recentemente MULTADA por não usar título de transporte válido.


É caso para se dizer: Obliteradores voltem! Estão perdoados!!
Voltem «picas». 


Isto de fazer com que o próprio passageiro seja o obliterador e pica do seu próprio título de transporte parece um sonho tornado realidade para um sovina e ardiloso «Tio Patinhas». O «pato» conhece a natureza da maioria das pessoas que tentam ser mais espertinhas e fazer uma traquinagem de moçoilos e conta com elas para ficar ainda mais rico. Os cofres da Carris engordarem de tanta multa

Mas nem todas as pessoas são más. Nem todas que não validam correctamente o título de transporte o fazem INTENCIONALMENTE. E mesmo que haja uma que naquele instante o faça, não quer dizer que o repita. Pode tê-lo feito num momento de frustração e tomado uma decisão irreflectida de traquinice. Não quer dizer que a seguir repita a façanha. 

ESSES, os que não só repetem a façanha como fazem dela o seu estilo de vida, os que simplesmente USAM o serviço sem sequer terem um título de transporte para validar (quanto mais fingir validar) ESSES é que os fiscais deixam ir. Devia ser o contrário, não vos parece? Esses é que deviam ser afastados dessa prática e ser conduzidos à justiça dos tribunais. Mas não é o que acontece. Não é o que vejo acontecer. Esses aparentemente não têm dinheiro algum, logo, não podem pagar multas, pelo que é melhor não perder tempo com esses e deixá-los ir!

(revolta)

No caso da pessoa que relato, aqui está um exemplo perfeito de alguém que TODA A SUA VIDA deu dinheiro à Carris. Sem falhas. Alguém que comprava a senha MAIS CARA só em caso de estar legal caso numa viagem fosse sair fora da zona habitual. Alguém que durante anos, décadas, cumpriu sempre a sua obrigação e dever. PAGOU sempre pelo serviço público que usufruiu. 


E agora, PELA PRIMEIRA VEZ, não passou adequadamente o passe, não validou, foi de imediato condenado a pagar MULTA!!!
Mas será que não existe uma alma com um coração para perceber o que está tãaaaaaaaão errado?!?!



Já aqui o disse e volto a repetir: tenho perfeita consciência que existe muita, mas muita gente a tentar viajar de borla nos transportes públicos da Carris. Já o escutei, inclusive, numa conversa entre dois miúdos a quem os pais davam dinheiro para comprarem o passe, os detalhes de como entravam sem pagar. Isto contado ao mesmo tempo que uma pessoa no autocarro tinha sido apanhada sem título de transporte (mesmo sem, NADA, nicles, nadita) e estava com os fiscais na frente da viatura, junto do motorista, a conversar sobre o assunto. Quatro paragens depois o indivíduo sai (era a sua paragem) e NENHUM documento foi solicitado, retirado, apresentado nem qualquer multa foi passada. Os fiscais seguiram no autocarro, sem passar multa, o passageiro saiu na paragem pretendida. Uma pessoa que fazia isto por sistema! Que nem título tinha!!
(revolta)

Tudo isto leva-me a concluir - penso eu que é bastante óbvio até - que o interesse da Carris está em MULTAR AS PESSOAS COM APARÊNCIA DE TEREM DINHEIRO NA CARTEIRA. Não lhes interessa, na realidade, o «combate à fraude». Tretas! Esse rapaz sem título de transporte ou o grupo deles que estavam no autocarro que os fiscais SE RECUSARAM a fiscalizar aquando me multaram, tudo situações por mim observadas que muito legitimamente conduzem a esta obvia conclusão. DINHEIRO. DINHEIRO, DINHEIRO. Não importa como o extorquir. 

Volto a manifestar-me contra esta postura agressiva e perseguidora. Sou contra a multa aplicada sem dó nem piedade a uma pessoa SEM ANTECEDENTES de quaisquer infracções. A pessoas que durante DÉCADAS usaram a carris enchendo-lhes os bolsos. Não sendo infractores. ESSAS pessoas agora são multadas sem HIPÓTESE de perdão! Sem quaisquer recursos e apelos. É de uma injustiça! Por mais tempo que passe isto me indigna. Causa repulsa. 

Obrigado Carris. Por vossa causa e devido à vossa ganância e deprimência NUNCA andei tanto a pé quanto agora. Graças às vossas decrepitas carreiras, às vossas alucinadas tarifas e tanto mais. No meu entender, são vocês que não são dignos de me terem como passageiro. Não são dignos do meu árduo e suado dinheiro.

O valor actualmente cobrado por um PASSE MENSAL é um absurdo. Um roubo. O que aconteceu? Duplicaram o anterior valor e a meu ver forçaram cada pessoa a comprar um serviço duplo de carris-metro. Quantas e quantas pessoas já não se queixaram que não querem pagar uma fortuna para ter carris-metro se só usam carris? Ou metro? E não OS DOIS?? E por isso não acham justo pagar a tarifa exigida? Mas não têm remédio... Não têm hipótese. Mais uma vez. Mais uma vez!

Por tudo isso repito: DINHEIRO. DINHEIRO, DINHEIRO. Não importa como o extorquir. 

sábado, 6 de abril de 2013

Transporte predilecto e... AGARRA QUE É LADRÃO!

Se me perguntarem qual é o meu transporte favorito para andar na cidade eu tenho de dizer que é este:


O ELÉCTRICO!! Mas tem de ser DESTES, dos antigos.


Só trazem vantagens. São rápidos. Muito rápidos. Dá gosto vê-los a arrancar depois de estarem parados. Já vão a velocidade. E adoro o som da campainha. São confortáveis. Mesmo em pé, a sensação é boa. São espaçosos. Nunca vi nenhum transporte como este. Pequeno por fora, espaçoso por dentro. Faz lembrar os Mini do Júlio Isidro. Não trasandam como os outros. Não são desagradavelmente ruidosos como os outros. Não são uma estufa abafada e quente. A temperatura é sempre agradável, seja em que altura do ano for, no frio ou no quente. Estes não vêm equipados com ar condicionado e nem precisam! Tem janelas. Janelas que se abrem! É delicioso, proporcionam quando abertas uma viagem que enche muito mais os sentidos e se torna muito mais tranquila e serena. Cada janela tem uma lona, que serve para ser baixada quando o sol está a incomodar. Os eléctricos compridos não têm nada disto. Têm um aspecto decadente. Velho. E os eléctricos velhos podem ser velhos, mas jamais perderam a juventude. Já os compridos, só pareciam ser novos durante as primeiras semanas de uso. Jamais se podem sequer comparar à prazerosa viagem que os antigos proporcionam, Nunca! É até ofensivo. Deviam remeter-se para a sua insignificância e referenciar o «mestre», o exemplo da perfeição: o eléctrico antigo!

Acho que lá no passado as pessoas que mal tinham carros e precisavam de se deslocar souberam bem o que faziam ao apostar no eléctrico. Andam agora a fazer automóveis movidos a electricidade, quando os velhitos amarelos ainda cá estão, a lembrar, afinal, de que fibra são feitos! A indicar o caminho. Todos estes anos, debaixo do nariz de todos, a mostrar que não morreram, porque são bons!



Já fazia muito tempo que não viajava de eléctrico. Hoje entrei num dos compridos e não foi com surpresa que percebi o quanto cheirava mal. Também existiu durante toda a viagem um barulho de buzina, uma coisa que arranhava no ouvido e que não havia forma de se calar. Ás tantas pára numa paragem, os passageiros saem, outros entram, mas não há meio de retornar a marcha. É então que percebo que está com dificuldades em que uma das portas electricas se fechem automaticamente. Quando dei conta já o motorista estava a tentar, com uns safanões e puxões, por aquilo a funcionar. Um passageiro ajudou. Mas qual quê. Nada. Uma estrangeira turista cuja língua não soube identificar disse uma só palavra: "avaria". Durante toda a viagem não entendi nada do que dizia com as outras, mas esta palavra dispensou tradução. O motorista segurando uma espécie de caixa na mão falou que tinha de a "travar". E depois disto, as portas, pelo menos por aquele período, voltaram a funcionar. Isto do "travar" (será uma espécie de reset? Desligar e ligar de novo?) fez-me  recordar que uma das portas do electrico estava fechada por fora, obrigando os passageiros a se deslocarem a outras mais próximas. E recordei que existe sempre umas tantas que não estão a funcionar. Já andei num eléctrico comprido que tinha as três portas centrais travadas! Aquele sinal luminoso vermelho que devia indicar a paragem seguinte, também estava desligado. E não existia a VOZ a comunicar a próxima paragem. Tanta «merdinha» com estas coisas para não funcionarem. Ao menos que tivesse UMA vantagem sobre os eletricos antigos, mas qual quê! Nunca nada funciona... são uma lata velha de plástico PVC e metal que por ali anda, com aparelhos electricos como portas, visores e ar condicionados que NUNCA estão a funcionar e sempre estão AVARIADOS. As estrangeiras levantaram-se do assente para ir espreitar o mapa em cima da porta e diziam os nomes dos sítios. Queriam saber ONDE estavam. Mas aqui em Lisboa uma coisa sempre faltou à maioria das paragens: O NOME. E assim, as estrangeiras fizeram o percurso irrequietas, com medo de falharem a paragem onde queriam sair e sem ter a mínima ideia de quantas faltavam ainda para lá chegar. Cada vez que o electrico parava, elas olhavam para a paragem, mas aquele friso amarelo que devia conter o nome do local, só é amarelo. Mais nada. 


Também eu precisava dessa indicação. Qualquer um precisa. É um sinal de comunicação IMPRESCINDÍVEL. E se for para confiar na voz electrónica de bordo, é para esquecer. Ou não funcionam como era o caso, ou está dessincronizada e vai anunciado a paragem errada... Isto tudo aliado ao mau cheiro, ao ruído de buzina constante, ao abafado e ao calor intenso do sol... Por favor! Chamar estas coisas de electricos, quando o "pai" destas criaturas anda ali sempre para as curvas todo gaiteiro e elegante, é uma ofensa, não? São antes umas latas que andam sobre os carris rasteirinhas ao chão, que é para facilitar o trabalho aos CARTEIRISTAS...

E por falar nisso... Presenciei um furto de uma carteira. Apontei o ladrão às vítimas, que se deram conta do encontrão e pularam para fora do electrico atrás dos dois infractores. Dois homens velhos, má aparência, um de casaco castanho outro de casaco preto. Sairam tão depressa quanto entraram mas calhei captar a cena de um a esconder os cartões com as mãos junto à barriga e a fazer sinal para o outro. Apanhados, ainda se fizeram passar por beneméritos, dizendo que a carteira "estava no chão". Mas fugiram com ela! E já ia longe, não fosse eu ter apontado o que vi. O jovem casal que foi vítima do furto, manteve-se tranquilo chamasse e talvez tivessem chamado a polícia para reaver a carteira e os pertences, não fosse eu ter apontado um «senhor a sair com uns cartões e passes na mão". Nem sei se os gatunos tiveram tempo de surrupiar dinheiro, foi tudo muito rápido e as vítimas após reaverem a carteira, partiram de seguida noutro transporte, sem grandes trocas de palavras. 

Os larápios ao constatarem uma nova multidão a formar-se numa outra paragem, voltaram a colocar o "uniforme" que era os casacos que haviam despido e a se juntar à multidão. Nenhum olhar reprovatório meu lhes fez espécie. Mas quando vi uma jovem mãe e filha muito apressadas a porem-se a jeito, avisei-a que andavam a assaltar por ali. Fui... específica. A senhora afastou-se, mais a criança, assim que ouviu um dos homens a dirigir-se a mim de forma ordinária. Ripostei com tranquilidade mas sem confronto de maior. Porém, talvez devesse ter começado a fazer ali uma peixeirada, a gritar muito alto "apanha que é ladrão", a apontar para aqueles dois salafrários, que é para a multidão que vai e vem saber que ali estavam em perigo. Para ver se os dois se mancavam e davam o dia por encerrado... 

Pensei em comunicar à polícia, após chegar a casa. Mas ao mesmo tempo, muita coisa me ocorreu. Pensei que seria ingenuidade minha a polícia não saber, naquele sítio turístico e apinhado de gente a ir e vir, que existem furtos. A esquadra mesmo ali ao lado, assim como a guarda do presidente da república, e os assaltos ali à porta de "casa", digamos assim. Não só deviam saber, como deviam os levar e depois os soltar... É preciso apresentar queixa e hoje em dias as pessoas nem sempre se dão ao trabalho de passar por esse processo que envolve tribunais e testemunhas. E pensei também no quanto devo ser feita mesmo de outra fibra, tal como os velhinhos eléctricos. Nem parece que sou cria da cidade, mas sou. Os próprios assaltados permaneceram muito tranquilos e simplesmente foram recuperar a carteira, deixando os gatunos prontos para a próxima. Se calhar o ficar calada e fingir que nada vi era o certo. O certo para uma cidade destas. Mas eu não só apontei na direcção do gatuno, como acabei por dizer na cara dos dois que andavam a assaltar. Assim, na lata. Podia arriscar-me com isto... Mas na altura não me ocorreu. Tenho um senso do que é correto e do que não é que parece que pertence ao passado, a uma geração do passado, que se guiava com mais proximidade dos valores morais, devido ao papel presente da religião, que levava as pessoas às missas de Domingo e assim, de certa forma, as mantinha mais conscientes do bem e do mal. Eu nem fiz catequese! Não fui «exposta» a esses ensinamentos, a esses ambientes. Sou da cidade e depressa percebi que existe malícia, mentira, perigo, malandragem e fingimento. E apesar de tudo isto, ao invés de ficar caladinha... falei. 

Deve ser por isso que gosto dos velhinhos eléctricos! Tal como eu, são feitos com fibra de qualidade... :)



sábado, 22 de dezembro de 2012

A MULTA - os que escapam e porquê?

O post intitulado "A MULTA" é o mais popular deste blogue. 
O mais consultado, o mais procurado.
Pois é exatamente sobre este tema que vim falar.

 CONTINUO REVOLTADA!
É o que acontece quando somos alvos de uma injustiça. E quando confrontados com a situação novamente, vezes sem conta, com outros protagonistas, e ter de assistir a um desfecho diferente, revolta MUITO mais.

Ontem entraram fiscais no autocarro onde viajava. Até achei bem pois cada vez vejo mais penetras a entrar sem pagar bilhete e com uma atitude à descarada. Os motoristas nada dizem e a imunidade continua. 

Os fiscais dirigiram-se ao rapaz que entrou no autocarro antes de mim. Este tinha colocado a carteira na máquina e apitado vermelho. Não tinha bilhete. Foi comprar junto ao motorista.

Atrás de mim o revisor pede o bilhete a outro rapaz. Resposta deste:
-"Não tenho. Não comprei, não tenho dinheiro (mas anda de autocarro)".

Os fiscais chamam-no até à frente do autocarro e vejo-os a falar. Em nenhum momento vejo papéis a serem trocados nem cartões de identificação a serem solicitados. O rapaz é deixado sair, na paragem QUE PRETENDIA SAIR, sem ser multado.


INJUSTIÇA!!!


Afinal, somos todos iguais ou não? É igual para todos? 
NÃO ME PARECE!!

O rapaz tinha todo o ar de fazer aquilo por sistema. Só a forma como respondeu já não deixa muitas margens para dúvidas. Se não se tem dinheiro, não se viaja de autocarro. Simples. Anda-se a pé. 
Ou então pedia emprestado uns poucos cêntimos para aquela viagem.
Mas não... ele queria era viajar sem pagar.  
Porque duvido que nos outros dias tivesse bilhete. 
Aliás, duvido que não se fosse enfiar noutro autocarro para viajar de borla.


FIQUEI REVOLTADA. 
Já vi muita coisa.
Vejo muitos penetras a entrar à descarada.
Mas desde que me passaram uma multa nas circunstâncias que descrevi, sem perdão, sem consideração, esperava presenciar o mesmo rigor quando outras pessoas são apanhadas sem título de transporte. Que foi o caso. Nem título de transporte os rapazes tinham! Mas não. Tenho visto os fiscais a deixarem os infractores seguir caminho. 
Estes só voltam a repetir a cena.
É que nem lhes pediram a identificação!!

QUAIS SÃO OS CRITÉRIOS, volto a perguntar?

QUAIS são os CRITÉRIOS?

É que a julgar por aquilo que assisto, os critérios é deixar ir sem multa todos aqueles que sistematicamente utilizam os serviços de borla e ser implacável com aqueles que pagam, desde que sejam velhos ou mulheres. É isso??

Já perdi a conta aos RAPAZES que deixam ir à sua vida sem passarem multa. No próprio dia em que me multaram tinham um autocarro cheio deles e os fiscais RECUSARAM-SE a entrar para fiscalizar!
E agora, nem documentos pedem?

Já vi uma fiscal maltratar um casal de idosos só porque estes fizeram uma pergunta qualquer. Eles tinham passe, mostraram-no. Está certo que idosos também são trapaceiros, mas a resposta azeda da fiscal foi totalmente desnecessária, provocatória e descontextualizada.

A mim, uma rapariga saída do trabalho, exausta, cansada, com o raciocínio deturpado pela exaustão, passaram logo multa. Sem perdão.

QUAIS OS CRITÉRIOS??

É que toda a minha vida tenho sido uma pessoa de princípios e que não tem qualquer intenção de viajar clandestinamente. Mas tudo isto deixa-me a perguntar se vale a pena. Tenho o meu nome «sujo» num registo qualquer. É injusto. E quando vejo outras pessoas apanhadas na mesma situação de viajarem sem título de transporte válido, ou, neste caso, SEM SEQUER UM TÍTULO DE TRANSPORTE, elas são perdoadas??

QUAIS SÃO OS CRITÉRIOS??
TENHO MESMO DE PERGUNTAR!
Está a fazer-me confusão.

Será a aparência das pessoas?
Quanto mais «chunga» melhor?
Será que os bem vestidos não são perdoados?
Mas os rapazes adolescentes são?
Serão mulheres o alvo preferencial?
E os idosos?

QUAIS OS CRITÉRIOS??
É que NÃO ENTENDO.

Impunidade para muitos.
Implacáveis com outros.

EU TENHO POR HÁBITO PAGAR BILHETE!!!
 Porque paguei eu uma multa se a quem não tem esse hábito até fecham os olhos?


Com estes tristes exemplos pondero virar «bandida».
Já que me cobram 2X por uma viagem...
é como se EU tivesse pago pelo bilhete daquele rapaz.

INJUSTIÇA!!!
QUAIS OS CRITÉRIOS, DEUS MEU?