quarta-feira, 31 de agosto de 2011

A multa - cont.


Caríssimos,
uma das entradas mais comentadas deste blogue foi sobre a MULTA passada a quem viaja nos autocarros da CARRIS com título inválido. Pois aqui vai o resto da história:

No dia em que me passaram a multa  tive de apanhar um outro autocarro para continuar viagem. Os fiscais  acompanharam-me porque não tinha bilhete e quando a viatura chega e as portas abrem-se, o motorista cumprimenta com ENTUSIASMO os fiscais e, de seguida, sabem o que ele faz? Estrategicamente já com as portas traseiras fechadas, o motorista praticamente IMPLORA aos fiscais para entrarem no autocarro. Disse-lhes que "faziam uma razia" ali, que o autocarro estava "cheio deles". O  motorista insistiu  muito, mas os fiscais recusaram. RECUSARAM!

Este episódio NÃO ME SAIU DA CABEÇA porque ali estava eu, acabada de ser multada e ali estava um autocarro CHEIO de multas por apanhar. Mas multas, segundo deu a entender o motorista, que seriam passadas a indivíduos que costumam viajar de graça POR SISTEMA. Não era apenas um, como eu, que estava exausta e confusa, mas muitos, que faziam uma algazarra no fundo do autocarro. OS FISCAIS viraram as costas e FORAM-SE EMBORA!

Se era porque tinham acabado o horário de trabalho, PORRA, então que me deixassem em paz, que o meu também tinha terminado ao fim de 10 horas consecutivas!

Lembro-me bem do cansaço desse dia. AVASSALADOR! O meu único objectivo nessa altura era descansar, descansar, descansar! Estava exausta! Sentia que precisava chegar a casa depressa, porque não ia aguentar ficar de pé nem 3 minutos. Aliás, deixei o corpo cair contra o autocarro, como se ele pesasse uma tonelada. Isto não JUSTIFICA viajar com título de transporte inválido mas explica a razão pela qual esqueci que tinha outro passe na carteira.

Achei INFAME que os fiscais não tenham atendido aos pedidos do motorista. Para mim tanto me fazia mas, pela perspectiva do que tinha acabado de me acontecer, julgo que é injusto que se procure a multa "fácil". Imagino que os fiscais não queriam ter problemas. Se os indivíduos fossem recorrentes ou nem tivessem bilhete para mostrar, ficava declarada a intenção de engano. Teriam de ir para a esquadra. Olhem só o frete! Ao fim do dia... os fiscais não quiseram ter esse trabalho.


Deste dia adiante, fiquei mais sensível a este tipo de situações. Vi, mais que uma vez, as pessoas que fazem a fiscalização a detectar que o passe recarregável azul de um utente estava inválido e permitiram-lhe que usasse uma das viagens ou então fossem comprar o bilhete ao motorista. Não vi ninguém passar de imediato para a multa e isso DEU-ME O QUE PENSAR.


Não teria o meu caso sido uma excepção? Não me foi dada a hipótese de comprar o bilhete!


Por força do DESTINO, quis a sorte que voltasse a cruzar-me com um dos "meus" FISCAIS em mais duas situações. Em ambas viajava num autocarro, num percurso totalmente diferente daquele onde me passaram a multa. Em ambas as ocasiões tinha acabado de carregar o PASSE MENSAL (desisti dos outros) em coisa de um ou dois dias. Quis confrontá-los e perguntar-lhes se estavam lembrados de mim. Mas a verdade é que AQUELE que me passou a multa, em ambas as ocasiões, AFASTOU-SE de mim, deixando que fosse o colega a pedir o título. Ainda tentei ver se a oportunidade de estabelecer contacto ocorria mas, muito sinceramente, fiquei com a impressão que o indivíduo me evitava.

Logo por sorte, eu saí-lhe na rifa mais vezes! E como que a comprovar a excepção que foi todo aquele episódio da multa, viajava como sempre viajei em todas estas décadas como utilizadora de autocarros da Carris: com título válido!

Foram os meus pais que me passaram este tipo de rectidão. Lembro-me de ter de ir para a escola e comprar o passe mensal, para depois fazer o percurso a pé. Mas tinha de ter o passe, porque era mais seguro, porque podia acontecer alguma coisa... Cheguei a comprar e não usar.

Mas isso são outras histórias.
A questão aqui é tentar perceber como é que se pode passar uma multa sem perdão em determinada situação e depois parecer existir benevolência para outras. E o que é pior, o que não me saia da cabeça: porquê os que são realmente infractores parecem sair-se impunes??

Porquê aqueles fiscais não fizeram o seu trabalho e foram solicitar o título de transporte aos passageiros daquele  autocarro, depois de me terem multado? Porquê a agulha no palheiro e não a palha inteira??

Qual é o critério?

9 comentários:

  1. Esta situação é uma vergonha. Depois do que tenho assistido, pondero procurar alternativas à carris, não tenho a mínima vontade de dar mais dinheiro a essa empresa.

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  2. Compreendo, porque sinto o mesmo. E não é somente por causa de situações assim mas o que é mesmo revoltante é que as carreiras são cada vez piores. Mais reduzidas, com percursos piores! Muito transbordo, muita caminhada! Para quê pagamos nós o transporte se temos de andar a pé?

    Percursos curtos demoram imenso tempo a fazer. A ideia de passar a andar de carro torna-se cada vez mais apelativa, graças a estas coisas da Carris.

    Em Setembro mais 9 carreiras foram alteradas. Há zonas onde já não posso ir ao fim-de-semana porque não tenho transporte! Já estava mal, mas agora... sabe como consigo lá chegar com a Carris? Fazendo grande parte do percurso a pé! Cerca de metade dele...

    E quanto mais curta é a distância, mais injusto parece..

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  3. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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  4. Estou na mesma situação, multada pela primeira vez, pago sempre o passe mensal, etc.. mas trago mais que uma partilha, um pedido:
    Estes males cortam-se pela raiz e é preciso uma acção conjunta para ter alguma capacidade de virar o jogo. gostaria de pedir, se fosse possivel, visto que fomos vitimas das mesmas injustiças, que entrasses em contacto comigo se estiveres disponivel para testemunhar sob a alegação de termos sido vitimas de violação do direito constitucional que diz respeito à igualdade. tenho até quarta que vem para pagar a multa e quero contestá-la. um dos meus argumentos é que eles violaram também o art.27º, ponto 2 (Ninguém pode ser total ou parcialmente privado da liberdade, a não ser em consequência de sentença judicial condenatória pela prática de acto punido por lei com pena de prisão ou de aplicação judicial de medida de segurança.), visto que me foi impedida a saida do veículo, coisa que eles NÃO PODEM fazer.
    O vosso testemunho recairia apenas em confirmar como foram multados, enquanto outras pessoas não foram sequer revistas, estando estas pessoas a ser beneficiadas em relação a vós. o meu mail é... (...)
    À partida espero não ter de ir a tribunal, no entanto, se se der o caso, gostaria de contar com a vossa ajuda para abrir os olhos à justiça quanto a esta empresa imoral que se compromete a trabalhar no sentido da satisfação do cliente e depois nem se digna sequer a garantir que os passes e as máquinas estão em condições de validar os titulos (fora os disturbios economicos que têm vindo a trazer a este país ja gravemente atolado na crise, com as birras esporádicas que são as greves de transportes).
    Obrigada.

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    1. Aconteceu-me o mesmo a poucos dias, ia a caminho do gabinete para carregar o meu passe visto achar que estava no ultimo dia, e deparei me com eles na precisa estação onde ia sair, passaram-me o auto sem qualquer problema, mas tal como tu, já vi dezenas de passageiros a serem perdoados e outros a não serem sequer incomodados pelos fiscais, isto leva-me a pensar que por ser simpático e não fazer mal a uma mosca neste caso so me prejudicou, não tenciono pagar a multa e espero apanhar um fiscal a cometer tal acto novamente visto que isto acontece várias vezes durante o ano, e poder de certa forma "gravar" o sucedido com um telemovel ou parecido, e caso seja preciso usar como prova em tribunal, e vou contactar o meu advogado para tratar de todo o processo de contra-ordenação deste auto, claro que não tenho qualquer antecedente na carris e como referi, efectuei de seguida o carregamento do passe pensado que desta maneira ia mostrar que não haveria nada a esconder, mas não se mostraram flexiveis no gabinete de fiscalização comercial, por isso penso que também não devo fazer o mesmo, visto que quando os que fazem repetidamente saem impunes da situação e os proprios fiscais 'estão nem aí', não vou ser utilizado como bode expiatório desta empresa, quando carrego o passe todos os meses do ano a tempo e horas e nunca tive qualquer problema para com isso.

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    2. Carris - o blogue que diz13 de setembro de 2013 às 10:36

      Caro anónimo, compreendo bem o seu estado de revolta. É idêntico ao meu quando passei pela mesma situação. O que me fez agir como eles pretendiam já expliquei - a falsidade das máquinas. Mas se tivesse meios para voltar atrás e combater este sistema que considero injusto e criado para "caçar-fortunas", faria-o com certeza. Concordo consigo que os critérios para multa deixam muito a desejar e parecem se basear no aspecto e educação do visado. Tenho a certeza que um ar de bandidagem é uma vantagem que traz a imunidade.

      Boa sorte e depois regresse para nos colocar a par e passo dos acontecimentos.

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  5. ola eu foi multado e dei o lote mal , nao pediram o codigo postal, nem o numero de telefone o que eu faço

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  6. Boa tarde, fui multada injustamente, estou revoltadissima com a situaçao. Entrei no autocarro e com a carteira cheia de papelada senti dificuldade em encontrar o título. Antes de chegar á proxima paragem consegui encontrar, validei o cartao nessa paragem ainda com a porta dianteira fechada. O motorista abre entao a porta ao fiscal e o mesmo depois de ter validado o meu cartao, pede que me identifique e passa-me a multa, ainda lhe disse que tinha validado o cartao mas ele nem quis saber. E sabem a melhor??? Quando olho para o auto o fiscal tinha colocado a hora errada, ou seja, em vez de 16h colocou 17h, nao se admite tanta ladroagem, nao pretendo pagar, de para o que der... gostaria de uma opiniao, muito boa tarde...

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    1. Entendo perfeitamente a sua indignação, a revolta!!
      Não deviam tratar as pessoas dessa maneira. Desumana, sem compaixão ou solidariedade. Com tamanha arbitrariedade e intolerância!

      Se validou o cartão, tem como o provar. O problema é mesmo esse "erro" do fiscal, ao colocar a hora errada... Eles confiam nos dados das "Máquinas". E então esta vai dizer que você validou a viagem às 16h, mas foi multada às 17h. Os cartões diários valem por uma hora, como sabe.

      Por esta altura já deve ter decidido o que fazer. Deve ter sabido que a multa tem "desconto" se a pagar em 6 dias (ou três, não recordo) e deve saber também que precisa de apresentar TRÊS testemunhas que abonem a favor da sua versão dos factos. Uma tristeza, submeterem pessoas de bem a tais tormentas!

      É verdade sim senhor, há muita gente que viaja sem pagar, e fá-lo por sistema. Mas eu preferiria deixar passar UMA, que aparentasse ter-se equivocado ou ter tido má sorte, ainda mais se esta não tem cadastro - a passar multas dessa forma tão revoltante e que revela mau carácter.

      Diga-me se poder, o que foi que fez. Boa sorte.

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