sábado, 18 de abril de 2009

Expedição aos Burriés

Narinas em crise!

São 8 horas da manhã e já estou no interior do autocarro quando este imobiliza-se diante o comando inerente da luz vermelha do semáforo. É então que observo um comportamento interessante. Nos carros parados ao redor, viajam famílias. Ao volante, o homem, com a mulher ao lado e uma filha atrás. Nesta manhã pode dizer-se que este microcosmos de famílias apresentou-se assim. Será o mais comum? Provavelmente é.

Nas três viaturas familiares que dispunha no campo visual, observei que após pararem, os homens tiram uma mão do volante e começam a mexer no nariz. Para ser mais concreta, mais que mexer, presenciei uma verdadeira expedição. Um em particular, fez três conturbadas viagens de ida e volta entre o interior das suas narinas até aos lábios e à entrada da boca, com muito entusiasmo! Será que pensou que ninguém o viu? Só tinha um autocarro inteiro com vista privelegiada :)!


Bem, em defesa destes homens quero dizer que as mulheres também o fazem. E as crianças. Tenho a opinião de que se trata de um hábito primário, que remota ao tempo do homem-cimpazé (para quem crê na teoria da Evolução de Darwin). A humanidade deve fazer este gesto por impulso, desde que o homem existe e vivia em cavernas. Afinal, respiramos por estes dois buracos que filtram as impurezas do ar, hoje muito poluído! A obstrução prejudica o processo e nada mais natural que ir lá instintamente remover o incómodo e restaurar a boa circulação de ar.
A diferença entre a lógica e o ilógico, é que a sociedade estipula que este gesto pouco higiénico seja feito em privado, não em público! Isto é que faz toda a diferença.
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Tal como outros tantos gestos íntimos como o sexo, o urinar, evacuar ou cortar as unhas - todos deviam acontecer em privado. E acho bem! Mas cada vez mais extrapolam para o domínio público. Esquinas de prédios, passeios, troncos de árvores, arbustos, etc... devido à frequência com que acontecem, já todos nos habituamos a ver por aí uns misteriosos seres do sexo masculino a URINAR em tudo o que é lugar. A natureza "chama" e eles não perdem tempo a responder. Fazem-no na rua, são avistados mas nunca multados. Os nossos pulmões e olfacto são agredidos por aquele forte e nauseabundo odor a urina, que se espalha pela atmosfera. Só uma chuva nos pode livrar do mal! Culpa-se os animais, os cães, quando os lençois de urina que se vêm nos passeios e caminhos não sairam da bexiga de um elemento de quatro patas. Embora mentalmente, não esteja longe! Será que estes "seres misteriosos" se interrogam atónitos:
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-"Como uma mulher é capaz de esperar até encontrar uma casa-de-banho??"
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Sem dúvida, hoje em dia as narinas humanas estão em crise!

1 comentário:

  1. Ahahahaah!! É um fenómeno curioso.. acho que o importante não é se realmente estão a ser vistas ou não; a vontade de limpar o salão pode chegar a ser tanta que o que interessa é que pelo menos "pensem" não estar a ser vistas ahahah!! Bem, mas uma coisa é um facto... fossem esses todos os males do mundo!! :-D

    Bem, e repara bem: só é um gesto pouco higiénico se as mãos não estiverem bem lavadinhas ehehehehe :-D

    Pois é, amiga... parece-me bem que essa questão do domínio privado e do domínio público está a cair no campo da retativização... e se o relativo caos que se lhe segue pode, de facto, criar confusão nas nossas mentes, eu ainda acredito que algo de bom daí poderá advir... (será?) Gostava de estar cá daqui a 150 anos para ver!!

    Por essas e por outras é que escolho o interior... uma portinha a cheirar esquisitavemnet por causa de alguém que exagerou um bocadinho na cervejinha, sempre se vai encontrando, mas pronto... a malta ainda vai tendo mais cuidado (deixa ver por quanto tempo... :-P)...

    Beijoka!

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