terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Viajar de borla

Por uma série de acontecimentos infelizes, deparei-me com uma situação que dá que pensar. Estava no autocarro quando vejo uma "avalanche" de pessoas a sair. Mas, o estranho, é que sairam em duas fases distintas. Existiu ali uns segundos de espaço entre a multidão que abandonou a viatura.


. Coincidência ou não, nessa paragem estavam a entrar fiscais. Que, ao contrário de antigamente, não pedem o passe às pessoas de forma ordeira: dirigem-se directamente para a retaguarda e solicitam o título de transporte.


. Reviravolta da situação e eis que deparo-me a sair numa paragem onde os mesmos também saiem. Logo a seguir vem um outro autocarro e, com a abertura das portas, os colegas cumprimentam-se e o motorista diz algo como: "É bom te ver! Ainda bem que estás aqui. Entra cá". O outro, que tem o colega mais atrás, diz que não pode. O motorista insiste. Na realidade, ele pede cinco vezes ao colega. Na última, até frisa que este deve entrar. Mas o fiscal não está para isso e parte.


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Com que impressão fica uma pessoa? Que o autocarro estava cheio de pessoas que não passaram o passe! Fiquei a pensar nisso e eis que o motorista, que conversava com outro passageiro (amigo, talvez), começa a desabafar que é "a vê-los todos os dias a entrar sem título de transporte. Alguns, até nem trazem carteira, simplesmente entram". Fiquei a pensar na situação e hoje, enquanto viajava num autocarro de pé, pois não haviam lugares sentados disponíveis, dei por mim a pensar quantas pessoas sentadas viajavam sem título de transporte válido. Depois gerou-se em mim uma espécie de revolta. Porque a situação nos autocarros da Carris, já sabemos nós como é. Nem sempre é agradável. Porra, noutro dia alguém tinha urinado na cadeira, que o cheiro era nauseabundo! Outras vezes não chega a esse ponto, mas tem mau cheiro na mesma. São anos a usar os transportes públicos, vários meses multiplicados por anos a comprar o passe. Os gastos mensais com transportes rondam os 120 euros... e o que acontece?

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Não é justo que os cumpridores paguem pelos infractores. Andam uns poucos a pagar para não ter lugar sentado no autocarro e para outros andarem à borlix? E não existe perdão, nem distinção... Há! O motorista ainda disse que já conhece muitos de cara e que estes parecem saber onde os fiscais andam, pois nunca que estes os apanham...

Dá que pensar. Numa recente deslocação no metro, assim que trespassei a barreira da saída, percebi que tinha errado e saído na paragem errada. Quis imediatamente voltar atrás e voltar a apanhar o metro mas então entendi: já tinha perdido a viagem. O bilhete já estava validado com uma entrada e saída. Teria de usar outra viagem para sair na paragem certa... e é um facto!


. E tudo porquê? Porque o metro, que antigamente também tinha problemas de clandestinidade, automatizou tudo de forma a que as cancelas só abram e fechem à ordem do bilhete. A Carris não fez isso. Penso que a solução está aqui: a entrada para o autocarro só devia ser permitida mediante a validação prévia do título de transporte. Podia demorar mais um pouco, mas compensa! A menos que a Carris (ou entidade reguladora, não sei, não me "acusem" de estar sempre a atacar a companhia) não tenha interesse nisso. Afinal, uma multa avultada, aqui e ali, pode render esses passes todos! Quanto à justiça... fecha-se os olhos! E o povo que compra o passe, que continue a partilhar o espaço e os lugares com os espertinhos...


. O único porém desta ideia, é que pessoas com carrinhos de bebé teriam de entrar pela porta da traseira... pessoas muito obesas, bicicletas, etc... ou seja: as viaturas da carris não estão equipadas para isso. Ainda que a ideia pegue, olha a despesa!!! E tudo para quê? Para obrigar as pessoas a ser honestas? Mais vale andar deixar que as mesmas estiquem a corda e passar umas multas...

Por outro lado, ainda me lembro, embora vagamente, de entrar num autocarro e existirem dois (?) fiscais logo à entrada, naqueles lugares individuais virados para dentro, cujo assento de napa (que saudades do material!!) verde ou laranja... tinham uma prateleira de madeira amovível, onde as pessoas compravam o bilhete.... vaga lembrança. Postos de trabalho eliminados, mas que fazem falta. Podiam colocar aí uma cancela e as pessoas entravam à vez, com ou sem carrinho.

Ideias... na busca de justiça.

6 comentários:

  1. No sabado passado no 28 havia fiscais fardados e como se fossem meros passageiros. Só de uma assentada 8 jovens foram apanhados! Sempre que vejo alguem sem validar o passe lembro-me das pessoas que dizem a Carris não serve bem as pessoas mas isso dava pano para mangas...

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  2. Espero que não tenha sido uma indirecta... há quem escreva a dizer que "persigo" a Carris e, em particular, os motoristas, o que não nada verdade!

    Se calhar esses jovens eram "repetentes" nessas andanças... e tratou-se de um esquema para apanhar os infractores. Agora falta fazerem algo parecido no 50, por exemplo. Os Domingos parecem complicados! Tão lotado que o autocarro fica... será que todos validam o título de transporte?

    PS: lembra-se ou sabe do que falo quando menciono os funcionários dos autocarros com assentos individuais virados para dentro? Eram o meu lugar predilecto!

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  3. Será que os operadores privados (Vimeca, Scotturb, RL, ou Transportes Sul do Tejo) isto acontece? - Raramente!
    Porquê? - Sendo privados têm que ter lucro, logo existe um controlo maior, algo que na Carris é impensável!
    O problema na Carris é uma questão de mentalidade. As pessoas habituaram-se a que os motoristas não digam nada, logo abusam e depois torna-se mais dificil o controlo. Se os utentes estivessem habituados a term de validar obrigatóriamente o bilhete sob pena de não entrarem ou pagarem multa, 99% dos passageiros nem pensavam 2 vezes e validavam sempre o bilhete, o que se tornava mais fácil para os motoristas. Tudo é uma questão de hábito!
    Operadores públicos que são financiados pelo governo ou autarquias como STCP, Transportes Urbanos de Braga, Transportes Urbanos de Coimbra, etc, isto não acontece. O problema está na Carris!

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  4. Olaa Eu hoje fui apanhado pelos fiscais do autocarro e sendo menor passaram me uma multa mas em vez de me darem um papel com os dados e tudo para pagar , pediram me uma folha e escrveram lá a dizer pra pagar e tal em vez do tradicional papel cor de rosa , agora eu nao vou dizer aos meus pais devido a problemas financeiros :( alguem me arranja uma soluçao ou me explica como resolvo istO ? muitas pessoas nao pagam e nunca acontee nada é verdade ? :O

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  5. Ola bom dia, nas privadas o problema é bastante diferente, os "fiscais" exageram não são ponderados, usam a dita caça à multa... quem os trava???? ninguem, as empresas privadas só querem ver multas muitas delas infundadas, sem qualquer suporte legal, apenas porque o passageiro desconhece a lei e como diz uma gestora de uma certa empresa privada no norte "enquanto pagarem é lucro", isto não pode continuar... ajudem a divulgar: ojusticeirodoautocarro.blogspot.com
    ou no facebook: http://www.facebook.com/home.php?#!/profile.php?id=100001633331717

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  6. nos privados há muita fraude,principalmente antes as AEs onde as pessoas só pagam até lá e depois antes do acesso à AE aparece o fiscal e multam. Está correcto!

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