quarta-feira, 3 de março de 2010

Sopa de ruídos: o meu ingrediente é...

De todas as experiências desagradáveis que um utente da Carris pode experienciar no interior de um autocarro, uma das que mais me desagrada é estar a escutar música alta. Proveniente de aparelhos portáteis, já não é a primeira nem a 10ª vez que entra no autocarro um passageiro com um aparelho desses, mas que, estranhamente, emitem som para fora sem necessitar de quaisquer fios.

Desculpem a minha total falta de "cultura" tecnológica mas, há muito que deixei de estar a par dos progressos feitos neste campo. Serão MP3, MP4? Outro tipo de coisa qualquer? Não sei, não me interessa, só me irrita!

Acho que é pura e simplesmente uma falta de educação. É de um egoísmo extremo, achar-se tão importante assim, que se tem o DIREITO de impor ruídos aos outros. Acho repulsivo, desprezível, nojento até.
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Noutro dia estava no fundo do autocarro e entra um rapaz com uma dessas coisas a dar música bastante alta! Desejei que ficasse pelo início da viatura mas não! Tinha de vir para pertinho de mim. Eu viajava de pé, ele mal chegou e vagou um lugar, sentou-se nele com aquilo a tocar muuuito alto e pôs-se a ler um livro! Será que não tem discernimento para entender que não está em casa? Pouco faltou para por os pés em cima do assento na frente!

Um rapaz atrás de mim não se faz de rogado: coloca os phones nos ouvidos e começa a ouvir o seu estilo de música. Infelismente, essa também ressoava bem aos meus ouvidos. Boa! dois tipos "colados" a mim a produzir ruídos! Estava no inferno e aquele autocarro não queria andar! Imaginem o que é estar a ouvir 2 estilos bem diferentes de música, ao mesmo tempo, e não desejar nenhum...
Um inferno!
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Aquilo fez-me desejar ter também o meu "fabricador de ruído" e comecei a pensar no estilo de música que eu gosto... calma, tipo opereta. Imaginem então se cada um de nós escutasse bem alto o que bem lhe desse na telha. Se dois já é impossível, olhem só o que a mistura de todo o tipo de músicas ia dar: uma sopa insuportável de ruídos!!

Da próxima vez, já que têm tanta atenção para com os restantes passageiros, vou presumir que se trata de uma rádio de pedidos. Chego perto da pessoa e pergunto se tem um fado da Amália Rodrigues!
A bem da verdade, para se ouvir muitos dos "estilos" que alguns ouvem, mais vale ouvir gatos a miar e unhas a arranhar uma ardósia. O efeito é o mesmo. Humm... e se me apetecer escutar isso mesmo? Adoro aquelas músicas em que os cães ou os gatos latem uma melodia popular.... vou arranjar um daqueles aparelhos infernais e começar a escuar isso. Tenho o mesmo direito, ou não?
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Entretanto, sentada no banco por detrás do motorista, presto atenção ao cartaz que, basicamente, informa sobre os DIREITOS E DEVERES das partes. Na 3ª alínea do final fazem referência ao ruído e é dito que é necessário levar em conta o conforto de todos os utentes. Antes disso, falam da fiscalidade e das multas em caso de título inválido de transporte. Então pensei: e os fiscais? Servem para fiscalizar quem não cumpre esta norma também? Pois deviam! Não é só no dever de "caçar" o dinheiro que assenta a responsabilidade de fiscalizar o ambiente do autocarro. Está também implícito, a meu ver, que tudo o que vem definido naquele cartaz seja cumprido. A higiene, os ruídos... os fiscais deviam observar os tampos de luzes desaparafusados e soltos e apontar. Os corrimãos soltos, partes partidas... devia existir os FISCAIS DA LIMPEZA e os DA SEGURANÇA. Os dos bilhetes... é pouco, para tanta infracção que ali se vê cometida! Por ambas as partes!

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